Estradas asfaltadas, mais segurança, saneamento básico, educação e saúde para todos. Essas são algumas das pautas que moradores das zonas urbanas e de áreas rurais têm em comum. Além delas, neste domingo, 15, quando os brasileiros irão às urnas para escolher os próximos prefeitos e vereadores, o produtor rural levará também uma esperança: a de que os novos gestores municipais sejam sensíveis às necessidades da agropecuária brasileira.
Na região Sul, agricultores e pecuaristas pedem investimento em infraestrutura logística, para que a produção possa ser escoada sem grandes custos e entraves. Para muitos municípios do interior, o setor produtivo é o carro-chefe da economia. “Estamos aqui para passar a mensagem da importância que essas estradas têm para a riqueza do país”, diz o vice-presidente da Associação dos Arrozeiros de São Gabriel (RS), Sérgio Giuliani Filho.
De acordo com o presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Pereira, as estradas municipais são as que mais oneram os custos de frete. “Precisamos ter, sim, uma infraestrutura, para termos um escoamento rápido e eficiente”, afirma.
Além da logística, o presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro-RS), Paulo Pires, defende que prefeitos e vereadores estejam atentos também às necessidades dos pequenos produtores e dos agricultores familiares.
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Produtor quer eficiência fora da porteira
Localizada no oeste de Santa Catarina, Chapecó é um exemplo de como o campo fortalece o desenvolvimento da cidade e precisa ser incentivado. Só o setor de aves local movimenta cerca de R$ 38 milhões por ano, e os produtores cobram que a arrecadação retorne em investimentos além da porteira.
“Chapecó possui um dos maiores parques agroindustriais do mundo e por isso a importância do setor. Precisamos de infraestrutura de estradas, sistemas viários condizentes com o que nós temos da porteira para dentro. Esse é o primeiro passo! Além disso, temos que ter sustentabilidade das atividades, principalmente nossa agroindústria. Que ela melhore sua competitividade com a diminuição dos custos de transporte. Temos rodovias já muito precárias, muito antigas”, diz Ricardo Lunardi, presidente do Sindicato Rural de Chapecó.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedrozo, lembra que estradas de qualidade não são importantes apenas para escoar a produção, mas também para fazer chegar insumos às propriedades com preços adequados.
Locomotiva da economia
Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), ligado à Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, o Valor Bruto da Produção Agropecuária do estado somou R$ 98 bilhões dentro da porteira, na safra 2018/2019. Entre os municípios, Guarapuava foi o que mais cresceu em relação ao ciclo anterior: 31%, fechando em R$ 1,28 bilhão.
O presidente do Sindicato Rural de Guarapuava, Rodolpho Luiz Botelho, diz que os bons resultados evidenciam que o agronegócio vem sustentando o país, os estados e os municípios.
“Nossa expectativa para este próximo ano é de aumento do valor bruto devido, principalmente, ao mercado estar extremamente aquecido por commodities”, diz. “Esperamos que os próximos gestores municipais acreditem no agronegócio e colaborem com o setor produtivo. A principal demanda do produtor rural é estrada, precisamos de escoamento”, frisa.
Segundo o presidente da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Ágide Meneguette, 34% do Produto Interno Bruto (PIB) do estado vem da agropecuária. “As principais culturas e atividades agropecuárias estão presentes, praticamente, em todos os 399 municípios. Trabalhar pelo desenvolvimento do agronegócio e pela melhoria das condições para o produtor rural é fortalecer a economia do estado”, diz.