A falta de chuva causa preocupação no interior de Santa Catarina e cidades como Concórdia, Chapecó e Xanxerê, oeste do estado, estão distribuindo água nas propriedades por conta da seca severa. Nesta terça, 20, a prefeitura de Concórdia anunciou que vai encaminhar o decreto de situação de emergência por causa da estiagem.
Não chove há 15 dias na cidade e 14 comunidades do interior estão recebendo água da prefeitura. Ao todo, 200 mil litros são distribuídos diariamente e a demanda tem aumentado. “Os agricultores que plantaram as lavouras de milho e soja não estão tendo o crescimento necessário das plantas. As pastagens também não estão ocorrendo. Hoje, nos reunimos aqui, na prefeitura, a Defesa Civil e algumas entidades para estabelecermos algumas metas. Uma delas é que o município encaminhe o processo para decretar situação de emergência. As atividades nas propriedades, como o transporte de água, já está sendo feito e vamos aprimorar ainda mais este trabalho”, disse o secretário de Desenvolvimento Agropecuário de Concórdia, Mauro Martini.
Na vizinha Xanxerê, a entrega de água nas propriedades rurais é feita até o anoitecer para dar conta dos pedidos. A prefeitura está abrindo poços artesianos para amenizar a situação nas comunidades afetadas com a falta de água, beneficiando mais de 100 famílias das áreas rurais.
A falta de umidade no solo já trouxe reflexos no desenvolvimento das lavouras de milho e atraso no plantio da soja no Estado. “Muitas lavouras de milho, principalmente, tiveram a germinação desuniforme e os agricultores estão tendo dificuldades. A aplicação de nitrogênio não tem aquela eficiência necessária sem a umidade do solo. Em termos de soja, está havendo o atraso no plantio em várias regiões, temos aí 680 mil hectares de soja cultivados no estado, atrasando o plantio e alguma repercussão no ciclo das culturas”, disse Haroldo Tavares Elias, pesquisador da Epagri/Cepa.
Segundo o presidente da Associação Catarinense de Avicultura (Acav), José Antônio Ribas Júnior, precisa chover nos próximos dez dias para não ter restrições de alojamento em granjas de aves, pela falta de água. “Somada essa situação de cotações elevadas dos grãos, estamos tentando trabalhar mitigando isso com importações. Nós temos passado por um momento de estiagem, o que nos apresenta dois reflexos imediatos: a preocupação com a disponibilidade de grãos, dado algum tipo de repercussão nos plantios ou safras dos nossos grãos, e a disponibilidade de água, especialmente em Santa Catarina, onde estamos com o radar bastante atento”, completou.