O embargo para produção agrícola nas áreas dos índios paresi, em Mato Grosso, chegou ao fim. Representantes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Fundação Nacional do Índio (Funai) e Ministério da Agricultura assinaram um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) nesta segunda-feira, 2.
Para o deputado estadual Neri Geller (PP-MT), este momento é uma grande conquista para os brasileiros que defendem o direito dos indígenas se desenvolverem economicamente. “Obviamente dentro do que a legislação permite, preservando o meio ambiente”, reforça.
“Desde quando começamos com a lavoura, procuramos conversar com o Ministério Público, Ibama e Funai, sempre tentando legalizar. Hoje, graças a Deus, estamos conseguindo”, conta o cacique nambikwara Ademeli Yamechin.
O presidente da associação Waymarê, Paulo Zenazokemae, destaca que o TAC garante também financiamento para a produção. “As empresas e o próprio banco não tem como financiar se não tem essa garantia”, diz.
O presidente da Funai, Marcelo Xavier da Silva, prometeu mais apoio do governo federal e melhoras na política indigenista. “É uma nova Funai, que coloca o índio como protagonista. Queremos ouvir o que ele deseja. É hipocrisia dizer que o problema do índio é só a terra. É muito mais complexo: reside na questão da moradia, saúde e saneamento básico”, afirma.
Marcelo Xavier da Silva afirma que é inaceitável que os indígenas, detentores de 14% do território nacional, tenham o índice mais alto de mortalidade infantil. “Crianças indígenas morrem de diarréia e verminose. Índios da etnia bororos estão perdidos no alcoolismo. Não é esse Brasil que queremos”.
Motivos para comemorar
O anúncio do fim do embargo aconteceu durante a formatura de 70 estudantes indígenas, em um curso de formação inicial continuada em Gestão de Negócios, promovido pelo Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT). “Todo mundo sabe a dificuldade que temos para conseguir um certificado como esse. Somos a primeira turma indígena do Brasil, para nós é uma satisfação enorme”, diz.
Segundo o chefe do departamento de ensino do IFMT, Willian Benedito da Silva, o curso é composto por quatro módulos, que somam 160 horas. “Foi um sucesso, tivemos 99% de eficiência”, conta.
O presidente da cooperativa indígena Coopihanama, Ronaldo Zokezomaike, afirma que a capacitação dentro do quadro geral. “Não adianta você ter uma economia e não sabe fazer gestão. Precisamos de pessoas capacitadas para conduzirem os trabalhos”.