Rural Notícias

Entenda a importância do agro brasileiro na segurança alimentar mundial

Pesquisas da Embrapa já projetam o avanço do setor para os próximos 12 anos e mostram alguns motivos de orgulho para o agronegócio nacional

Fonte: ANPr / Divulgação

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) lançou um livro com tendências do agronegócio para 2030 que pode servir como base para que sejam formuladas propostas políticas para o desenvolvimento do setor. Em uma série de reportagens, o Canal Rural começa nesta segunda, dia 3, a mostrar os pontos mais relevantes da publicação. Neste primeiro episódio, você confere a responsabilidade do Brasil na garantia da segurança alimentar do planeta e como o nosso país tem feito para cumprir o desafio de maneira sustentável.

De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, da sigla em inglês),  a segurança alimentar mundial hoje depende do Brasil, o que comprova que o agronegócio nacional assumiu o protagonismo no mercado internacional.

“O mundo inteiro está vendo que, para o ano 2050, as estimativas são de que pelo menos metade dos aumentos, em termos de área para produção mundial de alimentos para uma população de quase 10 bilhões de habitantes vão vir do brasil, então, o nosso país tem uma posição privilegiada para fornecer alimentos”, disse o representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic.

Segundo ele, o Brasil precisa trabalhar mais o marketing, para mostrar o tipo de prática que a agricultura nacional utiliza, com o intuito de manter a produção de maneira mais orgânica com o meio ambiente.

É nesta evolução tecnológica que a Embrapa assume um papel fundamental, com pesquisas que permitem o aumento da produtividade em regiões que antes eram vistas como pouco atraentes para determinadas culturas.

Trigo no Centro-Oeste

Nossa primeira parada é em uma fazenda que fica a 60 quilômetros de Brasília. Antes, a propriedade era voltada exclusivamente para a produção de grãos, mas passou a diversificar a produção e enriquecer o solo com a rotação de culturas, ao passo que o espaço passou a ser dedicado também à produção de trigo.

“A gente plantava, mas não tinha a segurança de hoje. A Embrapa, no decorrer dos anos, desenvolveu novas variedades adaptadas ao nosso clima”, contou o agricultor Valdemar Cenci.

A viabilidade fez crescer o cultivo de trigo no Distrito Federal, em pleno clima quente. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), na safra 2018 foram plantados cerca de 900 hectares, com produtividade de 6.400 quilos por hectare, número comparável a algumas lavouras do Sul do país.

A cultura se estabeleceu tão bem na região que justificou até a instalação de um moinho. A atual capacidade de processamento é de 60 toneladas ao dia, número que vai precisar ser ampliado para atender à crescente demanda. “Com os bons resultados obtidos, os produtores começaram a aumentar a área de plantio. Atualmente, a nossa produção é superior à capacidade de industrialização, já que produzimos mais do que consumimos”, disse o engenheiro agrônomo Cláudio Malinski.

O desenvolvimento de culturas de inverno em clima tropical só foi possível graças às pesquisas de adaptação lideradas pela Embrapa nos últimos 40 anos. Dados da própria empresa mostram que, neste período, a produção brasileira de grãos saltou de 38 milhões para 236 milhões de toneladas, o que corresponde um aumento de 600%, enquanto a área destinada à agricultura sequer dobrou.

“Grande pilar de sustentação para esse desenvolvimento foi a tropicalização de cultivos e de raças de animais. Com isso, nós pegamos culturas como soja e trigo, que são culturas típicas de clima temperado e, por meio de melhoramento genético e manejo cultural, conseguimos trazer para os trópicos”, falou o diretor da Embrapa, Celso Luiz Moretti.

O salto em produtividade de grãos, com destaque para a soja, também foi possível pela transformação de solos ácidos e pobres do cerrado em solos férteis. “ A gente desenvolveu uma ferramenta rápida de diagnóstico do nível de compactação, de estruturação e degradação desse solo, um outro fator para o produtor conduzir melhor suas práticas de manejo”, completou o chefe-geral da Embrapa Soja, José Renato Rebouças Farias.

Leia também :
Construção de moinho deve viabilizar plantio de trigo em Mato Grosso

Mecanização

A mecanização também contribui para a produtividade. A colheita de 50 hectares de café em uma propriedade leva, no máximo, duas semanas e acontece de forma automatizada. É bem mais ágil do que a colheita manual, que na mesma área levava dois meses.

Além de otimizar o tempo, o produtor ganhou em qualidade. “Esse café está sendo colhido e não tem contato com a terra. Não pode ter nenhum empecilho que dificulte sua secagem e, por isso, tem que passar por um processo totalmente mecanizado para chegar a uma boa qualidade”, disse o agricultor Luiz Carlos Figueiredo.

O intenso processo de modernização nas cadeias produtivas fez com que os elos das atividades agrícolas, como produção de insumos, processamento e distribuição, também apresentassem importância cada vez maior no Produto Interno Bruto (PIB). Em 2016, o agronegócio como um todo gerou 23% do PIB e 46% do valor das exportações.

A comparação da balança comercial de 1989 com a de 2016 comprova a mudança de papel do Brasil no cenário internacional, o que justifica ainda a eficácia da criação da Embrapa, para fomentar o avanço do agronegócio no país.” Em 1973, se compreendeu que tínhamos que modernizar a nossa agricultura para que ela contribuísse para abastecer adequadamente os consumidores brasileiros e contribuísse ainda mais com exportações, para ajudar o governo a pagar a dívida externa que a industrialização acumulou”, analisou Eliseu Alvez, fundador da Embrapa.

Leia também:
Café: mecanização aumenta rentabilidade da produção