Quem deseja comprar um imóvel rural atualmente, basta acessar a internet para encontrar facilmente uma infinidade de opções. Inclusive com a possibilidade de filtrar o local desejado, tamanho do imóvel e faixa de preço. Os anúncios trazem informações e fotos das propriedades, algumas avaliada em bilhões de reais.
Segundo o corretor Nilo Ourique, que tem mais de 30 anos de experiência na área, apesar das negociações envolverem muito dinheiro, na maioria das vezes elas são intermediadas por amadores, ou pior, por oportunistas. “Esse mercado bilionário, tratado por picaretas. É um mercado sem profissionalismo, onde o proprietário quer dar para qualquer um vender, o amigo dele, para o vendedor de boi, o vendedor de trator, ou ele tenta vender sozinho”, disse.
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O corretor é importante porque tem a missão de levantar a documentação. Entre os documentos essenciais estão a matrícula do imóvel, a certidão negativa de Imposto sobre Propriedade Territorial Rural (IPTR) ,o Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR), Sistema de Gestão Fundiária (Sigef) e o cadastro de ambiental rural (CAR).
“Nós temos um departamento jurídico que faz um levantamento dessa áreas até para a gente não sofrer com a sobreposição de documentos. Então, tem que ser feita uma análise bem completa antes de oferecer um produto para que a gente não tenha problema e não cause problema para o futuro comprador”, disse a corretora rural em Mato Grosso Neiva Dalla Valle.
Outro passo importante é verificar se o dono da propriedade no papel está vivo e apto para assinar a transação. Caso contrário, pode ser um problema. “Geralmente é aquele senhor, antigamente as famílias eram grandes e o senhor faleceu e tem 15 filhos, 20 filhos. Aí você imagina para fazer um inventário com todo mundo de comum acordo para fazer essa divisão de terras”, explica o produtor rural Cleiton Santos.
Antes de adquirir o imóvel, é preciso também estar claro qual o percentual de área agricultável, de reserva legal e a área de preservação. No Pará, por exemplo, só é permitido plantar em 20% da propriedade ou 50% em caso de área consolidada. “Isso limita muito. Você ter que preservar 80% da área. Quero ver quem consegue?”, disse o presidente da Aprosoja Pará, Vanderlei Ataides.
Após ter a certeza que toda a documentação está correta, é hora de negociar o preço. É muito importante avaliar conservação da área, localização, topografia, tipo de solo. e hoje em dia, acesso a internet é fundamental. “Antigamente, a grande preocupação era se tinha luz. Hoje, as pessoas nem perguntam se tem luz. A preocupação é se tem internet. Tendo internet, o povo fica em qualquer lugar”, disse Ourique.
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