Em uma época no qual os combustíveis apresentam reajustes mensais três vezes maiores que a inflação do país, o professor da Universidade de São Paulo, Celso Grisi, vislumbra uma oportunidade, não só para a área produtiva, mas também para a economia e a imagem do país em termos de sustentabilidade ambiental.
Em entrevista exclusiva ao Canal Rural, o especialista começou falando sobre as altas recentes no preço do etanol, em torno de 6% em dezembro, mesmo com aumento da oferta do produto. Para ele, ainda falta a Petrobrás, organizando a empresa na parte econômica, estabelecer critérios mais justos para o reajuste dos combustíveis.
“O que está em jogo é a formação de preços a partir de uma política que está centralizada na Petrobrás. Essa distribuição acaba encarecendo o preço para o consumidor final. Isso penaliza a população que, mesmo vivendo uma inflação tão baixa, é obrigada a pagar 6% a mais por um combustível em um único mês. Isso não parece razoável”, diz.
Etanol sustentável
Na última terça-feira, 24 de dezembro, entrou em vigor uma nova Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio). Lei que tem como objetivo reduzir as emissões de CO2 do Brasil por meio do aumento da capacidade de produção de biocombustíveis (etanol e biodiesel) e do estímulo a competição entre usinas.
Segundo Grisi, essa é uma oportunidade incrível para o Brasil aliar sua capacidade de produção agrícola, com a imagem de sustentabilidade ambiental, já bastante difundida no país, mas por vezes colocada em xeque por outras nações.
“O Renovabio entra em campo com grandes exigências, como a certificação das unidades produtoras de etanol, para garantir que a composição deste combustível seja efetivamente voltada a menor produção CO2. Ou seja será produzido um combustível com alto valor de sustentabilidade e baixo impacto ambiental, mostrando um país que está preocupado com o meio ambiente”, comenta.
Para o professor, essa é a oportunidade perfeita para se priorizar o combustível e abrir outras oportunidades para o setor produtivo, como o etanol a base de milho.
“O milho para etanol está atraindo grandes empresas, interessadas em investir nisso. A tendência é que os preços do grão irão melhorar bastante, dando ao produtor a esperança de uma melhor remuneração. Imagine para ele ter nas duas principais culturas uma rentabilidade boa?”, finaliza Grisi.