O glifosato revolucionou a agricultura mundial, tendo viabilizado o plantio direto no Brasil, afirma o diretor administrativo da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Lucas Costa Beber. Dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) mostram que a produção de grãos aumentou 60% nos últimos anos graças à combinação do herbicida com outras tecnologias.
Na propriedade de Jorge Piccinin, em Jaciara (MT), são, em média, quatro aplicações por ano, que custam de R$ 200 a R$ 250 por hectare. Parece muito, mas o produtor não sabe nem dizer quanto o custo de produção subiria sem o agroquímico. “Todas as culturas com que a gente trabalha dependem do glifosato. O impacto seria altíssimo”, diz.
De acordo com a Sociedade Rural Brasileira (SRB), caso o herbicida fosse proibido hoje, o setor produtivo teria que arcar com prejuízo de R$ 25 bilhões.
Mas o agro até se mostra disposto a abrir mão do defensivo caso seja comprovado que o produto faz mal ao meio ambiente. Porém, a natureza é uma das maiores beneficiadas, defende essa tese é o grupo de pesquisa da Embrapa Meio Ambiente.
Segundo o chefe-geral da unidade, Marcelo Morandi, para abandonar a tecnologia, seria necessário uma aplicação de mão de obra muito intensiva. “Ou teríamos que regredir, deixando o plantio direto e voltando a arar o solo. Isso pode causar erosão e agredir os rios. Além disso, arar os solos libera gases de efeito estufa, o que abre outra discussão”, explica.
Há vinte anos, os especialistas buscam resquícios do herbicida na natureza, mas não encontraram nada até agora. “O glifosato é considerado uma molécula segura para o meio ambiente porque, após a aplicação, ela rapidamente desaparece. Além disso, para os não alvos, como insetos, a molécula tem baixa toxicidade também. Eventualmente, se for para um rio, por exemplo, essa concentração não terá influência nenhuma”, diz o pesquisador Robson Barizon.
Fique atento
O glifosato é tema de uma consulta pública aberta pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O prazo para o envio de manifestações foi prorrogado até 8 de julho. Você pode acessar a consulta clicando aqui.