A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, vai liderar uma comitiva de aproximadamente 100 pessoas em viagem a quatro países do Oriente: Japão, China, Vietnã e Indonésia. A viagem, de 16 dias, começa já na próxima segunda-feira, dia 6.
Segundo dados do Ministério da Economia, o Brasil mantém com os quatro parceiros comerciais uma pauta de exportação concentrada em produtos básicos como a farelo de soja (China e Vietnã); trigo (Indonésia); carne de frango (Japão); algodão (Indonésia e Vietnã); café (Japão); farelo e óleo de soja (Indonésia).
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As visitas aos países asiáticos ocorrem em momento de riscos e oportunidades comerciais, sobretudo com a China, nosso principal parceiro, que respondeu por 35% das exportações em 2018. O Brasil acompanha os desdobramentos de um acordo comercial entre os Estados Unidos e a China.
O eventual acordo suspenderia a guerra comercial iniciada no ano passado pelos dois países, porém, pode reduzir a compra de soja brasileira pela China, porque o acerto deverá derrubar a cobrança de tarifas nas exportações da soja norte-americana ao mercado chinês e, assim, afetar as exportações brasileiras. “As coisas nesse mercado não são simplistas e nem para amadores”, disse Tereza Cristina em entrevista coletiva em Brasília.
No primeiro trimestre de 2019, as vendas de farelo de soja do Brasil para China (US$ 4,75 bilhões) corresponderam a 9% do valor arrecadado com o total de exportações (US$ 52,6 bilhões). No período, de cada US$ 100 que o país captou com a venda do produto em todo o mundo, US$ 77,48 vieram da China.
Peste suína
Além do armistício comercial entre americanos e chineses, o Brasil pode ser afetado pela peste suína africana, um vírus que tem dizimado o rebanho de suínos da China, principal consumidora de carne no mundo. A morte dos animais, alimentados com soja e milho, pode diminuir a procura pelos produtos brasileiros.
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A redução do rebanho, por outro lado, tende a aumentar o preço da carne suína no mercado internacional e criar demanda para frigoríficos e fabricantes brasileiros. “É um mercado que se abre”, prevê a ministra.
“O Brasil todo pode se beneficiar. O que nós temos que fazer é ir lá e garantir a qualidade de nossos produtos. Depois, tem toda relação comercial que não é o Ministério da Agricultura. Ai vai ser entre os privados, as empresas brasileiras e os exportadores chineses”, disse.
Tereza Cristina tem como expectativa de viagem conversar com autoridades sanitárias da China sobre a habilitação de novos frigoríficos e fabricantes para exportação de carne suína, bovina, asinina e de aves. Segundo o ministério, o Brasil tem 79 plantas de fornecedores com perspectiva de serem habilitadas para exportar para a China.
Outra possibilidade da viagem é estimular empresários da China e do Japão quanto à possibilidade de investimento em obras de infraestrutura e logística para escoamento da produção agropecuária no Brasil. “Somos competitivos da porteira para dentro”, disse Tereza Cristina, que não vai levar nenhum projeto específico aos países orientais.