No Rio Grande do Sul, o valor do leite pago ao produtor segue a tendência nacional de alta. Em agosto, o valor de referência pago pelas indústrias registrou valorização de 3,83% na comparação com julho, chegando a R$ 1,5082, maior patamar da série histórica do Conseleite do estado.
Segundo Darlan Palharini, diretor executivo do Sindilat, o cenário de valorização está relacionado com a diminuição das importações, no fim de dezembro, que foram afetadas principalmente pela questão cambial, além de outros fatores.
“Durante o primeiro semestre de 2020, nós tivemos um problema de estiagem muito séria, no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e parte do Paraná. Isso contribuiu também para uma menor oferta de matéria-prima. Neste momento, nós temos um preço mais justo aos produtores. Nós acreditamos que com isso haja uma diminuição de abandono de produtores de leite, que tem ocorrido nos últimos anos e preocupado a todos. Os estoques das indústrias estão baixos, mas não está faltando produto”, afirma o dirigente do Sindilat.
Apesar dos bons preços pagos pela indústria, os produtores do estado preferem adotar uma postura mais cautelosa. “Em março, estava recebendo R$ 1,65 por litro, e agora, em agosto, o valor chegou a R$ 2 por litro, com alta de 21%. Neste mesmo período, o farelo de soja era R$ 1.400 a tonelada, em março. Hoje, é R$ 2.060. Isso dá uma alta de 47%. O preço do leite subiu e dos insumos também. Não podemos enxergar as coisas só de um lado e criar até uma ilusão, pois a rentabilidade não está como antes”, diz Felício Brand, produtor de leite.
Para Rafael Hermann, produtor e representante estadual da Abraleite, os prejuízos no campo foram maiores devido às duas últimas geadas que atingiram vários pontos do estado e causaram perdas em culturas que seriam destinadas a feno, pré-secado e silagem. “Estamos otimistas com esses ganhos, mas precisamos de uma estabilidade no preço do leite, continuar com uma remuneração para acompanhar os custos de produção”, destaca.
Marcos Tang, presidente da Gadolando, reforça o pedido de cautela aos produtores neste momento, apesar do aumento no preço pago pelo produto. “Temos que ter cuidado, pois enquanto pagarmos mais pelo quilo da ração do que recebemos pelo litro de leite, estamos colocando em risco a gestão da nossa propriedade”, finaliza.