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MT: apenas metade dos pecuaristas tem intenção de confinar

Insumos caros e manutenção do valor do boi magro fazem motivação cair 32% entre abril e julho no estado, atingindo menor índice registrado nos últimos 3 anos: 506 mil cabeças

Fonte: Guilherme Henrique/Arquivo Pessoal

O alto preço dos insumos alimentares e a manutenção do valor do boi magro fizeram com que a intenção de confinar gado em Mato Grosso caísse 32% entre abril e julho. Com isso, somente metade dos pecuaristas afirmam que vão levar animais ao confinamento.

A expectativa de abril, de 755,4 mil cabeças confinadas, foi revista para 506,6 mil animais em julho – o menor índice do período registrado nos últimos três anos. Com a redução na expectativa das intenções, a capacidade estática dos confinamentos também atingiu seu pior índice nos últimos três anos. As informações foram divulgadas nesta segunda-feira, dia 15, pela Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat).

A redução aconteceu em todas as regiões do estado, e apenas 50% dos pecuaristas deve confinar em 2016. O destaque fica por conta das regiões nordeste e médio norte, onde as lavouras de milho e soja mais sofreram com a falta de chuvas, segundo os dados do 2º Levantamento das Intenções de Confinamento em 2016, realizado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).

“Atenção e custos na ponta do lápis são as diretrizes nesse momento. O produtor confinador mato-grossense é profissional, ele trabalha avaliando seus custos, os preços do boi gordo e as perspectivas do mercado, o que fez com metade deles utilizem a estratégia nessa seca”, afirma o superintendente da Acrimat, Francisco Manzi.
O milho foi apontado isoladamente por 20,95% dos entrevistados com o principal responsável pela queda nas intenções. O pecuarista Marcos Antônio Jacinto, que trabalha o ciclo completo numa propriedade em Gaúcha do Norte, tem 200 machos em confinamento e 170 fêmeas em sistema de semiconfinamento, ressalta a falta de chuvas na região como fator chave para o aumento de custos. 

“A seca encareceu o milho, que no ano passado compramos por R$ 13,50 e esse ano por R$ 36,50, e também diminuiu o pasto mais rápido. Algumas propriedades da região terão problemas até com a falta de água”, disse Marcos. O produtor reforça ainda, que além das contas dentro da fazenda, o confinamento depende do mercado do boi. “Por aqui a minha conta ainda fecha, mas não sobra. A dica é ficar atento para um possível pico de preço e travar a venda”, afirma ele. 

No mercado do boi, o cenário instável da economia é um dos fatores que afetou diretamente as intenções de confinamento em Mato Grosso, como explica o gerente de projetos da Acrimat, Fábio da Silva. “A queda nas intenções deveria impactar no preço recebido pelo pecuarista, já que o cenário vindouro se apresenta com um desequilíbrio entre a pouca oferta e maior demanda tipicamente mais elevada para do segundo semestre, porém, a conjuntura econômica brasileira impede que os preços boi gordo aumentem, freando ainda mais as intenções”, diz Silva.

Dos 506,6 mil animais com expectativa de confinamento, 46,95% terão entrega concentrada nos meses de setembro e outubro, quando a seca é intensa. Na estratificação das intenções por regiões, o centro-sul do estado é destaque pela maior expectativa de confinamento, com 116,39 mil cabeças, seguida de perto pelo sudeste (104,58 mil cabeças) e oeste de Mato Grosso (101,48 mil).

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