A diminuição dos rebanhos no Brasil reflete na valorização do preço do bezerro, que registrou este ano um dos valores mais altos da história, levando muito pecuarista a leiloar animal na fazenda e pagar 40% a mais no quilo do animal vivo, em comparação com o ano passado.
O bezerro ao pé da vaca é uma cena cada vez mais rara, principalmente no estado de São Paulo. Isso explica a valorização do animal com até oito meses de vida, vendido a preços recordes no mercado.
Ricardo Stefani é pecuarista em Bragança Paulista, no interior de São Paulo, há mais de 15 anos e ouviu o conselho do médico veterinário Rafael Belucci. Ele investiu na criação de bezerros e hoje, em duas propriedades, a família mantém 500 animais e uma produção bastante disputada.
– A gente está gostando bastante, a gente inclusive quer aumentar o plantel. A gente tem 500 vacas hoje nas duas fazendas e a gente quer chegar aí em 1 mil vacas, 500 em cada uma – diz.
Em maio deste ano um bezerro meio sangue angus era vendido a R$ 7 o quilo vivo. O valor é 40% maior que no mesmo período do ano passado.
– É a hora da colheita, ou seja, o produtor de bezerro vai ter um ganho satisfatório. Logicamente ele vai ter um custo maior como outros produtores, mas ele tem o produto dele valorizado. Dentro de um movimento de ciclo, em razão da redução do estoque de bois magros, o mercado vai ser mais comprador. O indivíduo que tinha três compradores pros bezerros dele, provavelmente ele vai ter cinco – afirma o analista de mercado Élio Micheloni.
A diminuição do rebanho é uma realidade. Em Mato Grosso, 1 milhão de hectares de pastagens foram desativadas para dar espaço à agricultura entre 2013 e 2014. A baixa oferta, acompanhada pela fraca demanda interna de carne bovina, tem desacelerado os abates.
A perspectiva é de que as cotações se mantenham aquecidas nos próximos meses. Micheloni acredita que há espaço para mais altas, com perspectiva do preço da arroba ultrapassar R$ 145
– Esse preço ele é viável, ele é possível pela oferta. Agora, mais espaços de alta depende do consumidor, e a gente sabe que ele está arrebentado. Então, em um cenário econômico melhor, facilmente eu diria que o mercado teria um movimento de alta mais forte – diz o analista.