BRF vai encerrar a produção de perus no Triângulo Mineiro

A entidade que representa o setor calcula que pelo menos quatrocentas pessoas vão ser afetadas diretamente

Fonte: Divulgação/Pixabay

A companhia de alimentos BRF vai encerrar a produção de perus na região do Triângulo Mineiro, provocando o desligamento de 126 produtores. A entidade que representa o setor calcula que pelo menos 400 pessoas vão ser afetadas diretamente.

Há seis anos, o produtor Paulo Sérgio Florentino investiu R$ 600 mil na construção desta granja. A ideia era produzir peru no sistema de integração, mas, no mês passado, ele recebeu a notícia desagradável de que a empresa integradora, que comprava toda produção dele, decidiu suspender o contrato. “Para falar a verdade, eu estou perdido e procurando um norte, pois já não sei mais o que fazer. Eu optei por essa vida no campo para ter uma aposentadoria saudável, mas o meu sonho virou pesadelo”, lamentou.

A estrutura foi planejada para ser utilizada por até 25 anos, mas a produção vai ser interrompida muito antes do esperado. O último lote com nove mil aves vai ser entregue na próxima semana, depois disso as atividades estão encerradas. “Eu arrecadava de R$ 150 mil a R$ 200 mil por ano, vou perder toda essa renda. Eu não sei o que fazer e vou ter que gastar para manter essa propriedade para ver o que pode ser feito por que essa estrutura, que só serve para este tipo de atividade”, disse Florentino.

Prejudicados

Na granja moram três famílias, entre elas a do Fabiano Duarte, responsável pela alimentação das aves. Ele trabalha na propriedade há dois anos e ainda não sabe o que fazer daqui para frente. “Eu sempre fui acostumado a trabalhar com peru, agora vou ter que procurar outra coisa para fazer. Se eles avisassem mais cedo, era mais fácil, mas avisaram em cima”, disse.

A Associação dos Granjeiros Integrados do Triângulo Mineiro, entidade que representa o setor, acredita que a suspensão das atividades vai afetar 400 pessoas diretamente e outras quatro mil indiretamente.

A equipe do Canal Rural teve acesso ao contrato assinado pela BRF e os produtores. No documento, consta que a rescisão pode ser feita a qualquer momento, desde que a outra parte seja notificada. O prazo mínimo para encerrar as atividades deve ser o tempo de engorda de um lote. Ainda está previsto em contrato que os produtores devem ser indenizados com o pagamento da renda média obtida nos últimos três lotes.

Para a entidade que representa o setor, mesmo que as cláusulas sejam cumpridas, o impacto ainda vai ser grande em toda cadeia produtiva. “A pessoal que planta o milho vai diminuir a comercialização, tem o pessoal da logística, os funcionários que fazem o manejo dos perus, manutenção nos barracões, produtor rural que deixa de receber, funcionários que vão ser demitidos, então esse impacto é muito grande”, disse Juliano Fagundes, presidente da Associação dos Granjeiros Integrados do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba.

Ainda de acordo com Fagundes, situação não era esperada e foi recebida com surpresa pela entidade. “Eles haviam feito uma proposta de expandir, de melhorar, fizeram palestras incentivando o produtor. Nós não esperávamos esse destrato e eu acredito que isso foi feito por força de mercado e fomos todos pegos de surpresa”, disse.

A BRF informou, por meio de nota, que está reavaliando a unidade produtiva de Uberlândia, em minas gerais. A empresa disse ainda que o abate de frangos vai ser ampliado, mas a linha de peru vai ser interrompida temporariamente. As mudanças vão acontecer no primeiro semestre de 2017 e atendem a dinâmica entre oferta e demanda do mercado.