Um estudo realizado pelo Centro Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) aponta que, na próxima década, um em cada dois produtores vão abandonar a pecuária de corte por causa dos custos de produção. Na contramão dessa estatística, o pecuarista Amarildo Merotti se diz orgulhoso de ter desenvolvido um sistema de manejo com boas práticas que acaba se revertendo em lucro.
“Na minha propriedade, o quesito principal para eu contratar um funcionário está no fato de ele tratar bem os animais. Existe gente que está acostumada com a moda antiga, mas não existe mais isso e para deixar bem claro, costumo dizer que ‘quem paga a minha conta são os animais’ e, por isso, tenho que tratá-los da melhor maneira possível”, disse.
Todo esse zelo trouxe resultado e, trabalhando no sistema de recria e engorda, o pecuarista consegue um animal para o abate com 30 meses e 21 arrobas. “Quando você sabe o que está fazendo, você sabe aonde você quer chegar e fica fácil ganhar dinheiro. Com a fazenda nas mãos e conhecimento sobre o negócio e investimentos, não tem como dar errado.”
Para o diretor-técnico da Associação dos Criadores de Mato Grosso, Francisco Manzi, o trabalho realizado por Amarildo é um exemplo a ser seguido. “É muito simples para o produtor da região visitar a fazenda do Amarildo e observar os prós e contras e como ele poderá aplicar os conceitos para que possa também ter rentabilidade e, sobretudo, permanecer na atividade”, disse.
Gestão de custos
Como nem todos conseguem atingir a eficiência na pecuária, a analista de mercado do Cepea Mariane Crespolini dos Santos alerta que a gestão de custos é fundamental para quem deseja continuar na atividade. “O Cepea tem uma base de dados de 250 propriedades modais e na maioria delas a receita é superior ao custo operacional efetivo, que é aquele que se vê saindo do bolso do produtor”, disse.
Segundo a analista, o produtor precisa controlar o custo dentro da porteira, pois o Brasil tem a vantagem de ser um dos grandes produtores de carne do mundo. “O Brasil tem um potencial imenso para atender essa demanda mundial e tem um mercado muito potencial”, falou.
Além de alertar os produtores sobre a gestão de custos, Mariane trouxe boas perspectivas para a pecuária de corte neste ano. “Os pontos positivos para a economia para esse ano de 2017 é a recuperação do crescimento econômico. O Banco Central estima que o PIB irá crescer meio por cento esse ano, o que isso significa para o pecuarista, para o produtor rural, que quando o PIB cresce o consumo das famílias também aumenta. Então, a tendência para esse ano é uma lenta recuperação do consumo, o que é benéfico para o produtor de carne bovina.”