Os caso de raiva em bovinos e equinos estão crescendo no interior de São Paulo. Em Monte Mor, por exemplo, neste ano já foram confirmados oito casos de morte de animais por conta da doença. Os produtores locais reclamam da falta de profissionais nos órgãos públicos para auxiliar no diagnóstico e afirmam que o número de casos é muito maior.
Paulo Milani perdeu um bezerro e uma potra por causa da doença. Após a morte dos animais, o produtor solicitou a coleta de material que confirmou a presença do vírus. “O começo do quadro sugestivo da raiva é a coordenação motora, quando o animal passa a ter andar cambaleante e vai evoluindo até que deitar e não conseguir se levantar, em um movimento conhecido como pedalagem, no qual ele fica com as patas traseiras em movimento constante”, disse o produtor.
A raiva é transmitida por uma espécide de morcego que se alimenta do sangue (hematófago). Não existe cura para a doença, que acaba levando o animal mordido pelo morcego à morte em 100% dos casos. A prevenção pode ser feita com vacinação, que, apesar de não ser obrigatória, é aconselhada pelos órgãos de Defesa Agropecuária.
“A primeira dose deve ser tomada aos três meses de idade; após 30 dias, tem a segunda dose e, por fim, a dose deve ser aplicada anualmente. São 2 mililitros de subcutânea em bovinos e 2 mililitros intramuscular em equinos”, disse o médico veterinário Maurílio Aguirre.
Prevenção
A raiva pode ser transmitida para humanos por meio da saliva do animal infectado. Por isso, em caso de suspeita da doença, os órgãos de defesa agropecuária municipal e estadual devem ser acionados para realizar o trabalho no controle dos morcegos.
“O trabalho serve para que possamos localizar a colônia de morcego hematófago que está transmitindo a raiva. A gente anda de propriedade em propriedade no raio de 10 quilômetros do local onde ocorreu caso positivo de raiva e coletando informações dos produtores, para saber se eles estão vacinando os animais ou se conhecem abrigos como casas abandonadas, cavernas ou árvores ocas que possam abrigar o morcego”, disse o técnico de apoio agropecuário Tiago Porfírio.
Outra maneira de prevenir a doença é a utilização da pasta vampiricida, que deve ser aplicada pelo produtor sobre o animal que está sujeito aos ataques. “O produtor precisa pegar esse animal na parte da tarde e passar a pomada em torno na mordedura, fazendo com que o morcego, ao atacar, passe a pomada no corpo e retorne ao abrigo”, disse.
Segundo o departamento de zoonose de Monte Mor, nos últimos três anos foram registrados apenas três casos de raiva em animais de grande porte. Mas, no início deste ano, a doença se alastrou e até agora já foram confirmados oito casos de morte em equinos e bovinos por conta da raiva.
O veterinário, no entanto, acredita que o número seja bem maior. “Pelo laudo sugestivo que eu acompanhei, acredito que foram mais de 30 casos”, disse Maurílio Aguirre.
Para o produtor, faltam profissionais para auxiliar no combate da raiva. “Eu acho que todos os municípios precisariam tentar suprir a falta de profissionais, pois é importante a coleta do material para prevenir novos casos de raiva”, afirmou.