Confinamento não é boa opção neste primeiro semestre de 2018

Segundo a Assocon, o valor pago no mercado futuro pelos bovinos não é suficiente para suprir a alta nos preços do milho e do farelo de soja

Fonte: Sepaf-MS

O confinamento deve dar prejuízo para o pecuarista brasileiro no primeiro semestre de 2018, afirma a Associação Nacional da Pecuária Intensiva (Assocon). Segundo a entidade, a razão é o aumento no preço do milho e do farelo de soja, que prejudicaram o poder de compra do pecuarista.

A propriedade de José Ovídio Sebastian, em Boituva, interior de São Paulo, tem capacidade para engordar seis mil bois por temporada. Mas. até agora, o pecuarista ainda não sabe quantos animais irá confinar em 2018. Entre as razões está a alta nos preços de insumos como o milho, indispensável na dieta do rebanho.

“Tivemos uma elevação das matérias primas, a partir de fevereiro, que realmente trouxe um impacto bastante significativo no custo da ração do gado do confinamento. Hoje, essa elevação está em torno de 18%, elevando também o custo total da manutenção do gado no confinamento em torno de 15%”, conta Sebastian.

De acordo com levantamento feito pela Scot Consultoria, entre janeiro e março de 2018, o milho subiu 30% em São Paulo. Já o farelo de soja apresentou alta de 23%. Em contrapartida, o preço da arroba do boi gordo se manteve praticamente estável durante o período.

“A causa principal é que o consumo interno está fraco, o desemprego permanece bastante elevado e os consumidores têm dificuldades de poder aquisitivo e acabam eventualmente optando pelo consumo de outras proteínas. Como a carne de frango, que é um pouco mais barata”, acrescenta o diretor técnico da consultoria Informa Economics, José Vicente Ferraz.

Outro ponto que também preocupa o setor é o mercado de reposição, que se mantém firme no primeiro trimestre do ano. Em março o boi magro registrou alta de 4,5%, em São Paulo, quando comparado com o mesmo período do ano passado.

“Teoricamente era para o preço do boi magro cair também, mas existe uma restrição de oferta. A cria se tornou escassa e animais de confinamento precisam ter qualidade e padronização, senão gera uma série de problemas. A oferta é pequena e isso impede uma queda de preço dos animais”, conta Ferraz.

No início deste ano, a Associação Nacional de Pecuária Intensiva (Assocon) projetou um crescimento de 12% no volume de animais confinados, em comparação ao ano passado. Em um total de 3,8 milhões de cabeças. Mas, segundo o presidente da entidade, Alberto Pessina, o momento não favorece a atividade e as estimativas devem ser revistas.

“Do jeito que está o mercado futuro a conta não fecha. O contrato para maio pagando R$143,50, com milho valendo R$40,00, é totalmente inviável entregar boi com confinamento no primeiro giro. Eu diria que se o cenário continuar ruim, pode ter uma redução de uns 10% nesta previsão inicial de de confinamento”, afirma Pessina.