Criadores dos EUA buscam bois para confinamento no México

De cordo com o USDA, o rebanho bovino dos Estados Unidos possui cerca de 90 milhões de cabeças, menor volume desde a década de 1950A baixa oferta do boi magro parece ser um problema global. Nos Estados Unidos, os produtores estão buscando animais no México para abastecer os confinamentos. Esse novo desafio tem exigido muita eficiência e agilidade do setor.

De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o rebanho bovino dos Estados Unidos possui cerca de 90 milhões de cabeças, e este é o menor volume registrado desde a década de 1950. A região do Texas, principal produtor de carne do país, enfrentou uma forte estiagem e os pecuaristas foram obrigados a vender ou liquidar quase 1,4 milhão matrizes. O resultado disso foi um forte impacto negativo na economia da região, que movimenta de US$ 15 bilhões a US$ 20 bilhões por ano somente com a pecuária.

– Felizmente, nos últimos anos, os preços registraram níveis elevados. É um incentivo para nós reconstruirmos o rebanho não só do Texas, mas de todo Estados Unidos. Nossos principais desafios são os mesmos enfrentados por produtores brasileiros: realizar acordos comerciais com países que não possuam barreiras contra a importação de carne norte-americana. Nós também somos questionados pelos consumidores sobre as tecnologias de produção e mostramos todos os aspectos nutricionais e a segurança da carne bovina dos EUA, provavelmente do mesmo jeito que vocês fazem no Brasil – afirma o presidente da Associação dos Confinadores do Texas, Ross Wilson.

A baixa oferta do boi magro é uma das maiores dificuldades do pecuarista James Barret.  A solução que ele encontrou foi buscar os animais no México. Ao cruzar a fronteira, os machos e as fêmeas são castrados e marcados com a letra “m” para serem identificados no abate. Para abastecer o confinamento, com capacidade estática para 60 mil bovinos, todos os dias mais de 100 caminhões entram e saem do local trazendo alimentos e animais.
 
Barret James explica que é complicado falar sobre isso, porque essa é primeira vez que eles enfrentam a dificuldade.

– Nós nunca tivemos problema para encontrar animais para o confinamento. Dessa vez, será mais complicado, mas como sempre dizem: a melhor cura para os preços altos, é justamente os preços altos – relata.

James conta que geralmente os animais vindos do México são mais saudáveis e essa é uma grande vantagem. Na chegada, todos os animais permanecem por 60 dias no bezerreiro para uma avaliação. Eles recebem um protocolo específico de acordo com o estado de saúde, origem e peso, tudo para reduzir os índices de mortalidade e garantir maiores lucros.
 
– Nossa média de perda por ano é de 1,8 a 2% no confinamento. Nesse ano, a maior parte das mortes foi por causa do inverno. Tivemos um inverno difícil esse ano e todos esses problemas ruins de perdas por morte de animais cresceram para 2,2 ou 2,4%.

Para 2015, o USDA prevê um consumo de 23 quilos de carne bovina por pessoa. A procura por produtos de qualidade cresce a cada ano e para atender essas demandas o setor tem investido em programas de qualidade da carne.
 
– Um desafio adicional na produção de carne norte-americana é competir com a venda de carne suína. Esperamos um crescimento significativo na produção de carne de porco e aves nos próximos anos, e eles competirão com a carne bovina – diz o presidente da Associação dos Confinadores do Texas, Ross Wilson. 

O cenário de  baixa oferta do boi magro contrasta com a recuperação da economia norte-americana. O preço elevado da carne deve estimular a retenção de matrizes e a reciclagem do rebanho. Os últimos dados oficiais mostram que o rebanho bovino registrou o primeiro aumento desde 2007. Mesmo assim, o número de animais no confinamento reduziu para 10,5 milhões cabeças em março deste ano, 1% a menos na comparação com o mesmo período do ano passado.

– As expectativas para 2015 são positivas. Já tivemos um recorde nas exportações em 2014, e um novo recorde é válido. Estamos trabalhando duro como produtores americanos através das associações nacionais para desenvolver mercados no exterior. O Japão foi o maior consumidor em 2014. Outros países da Ásia são muito fortes e esperamos que eles continuem crescendo. Nós vamos concentrar investimentos e esforços para ter acesso ao mercado chinês em 2015, que possui 1 bilhão de pessoas e obviamente é uma grande oportunidade. Nós vemos 2015 como um ano brilhante para o mercado de exportação norte-americano – relata o presidente Associação dos Confinadores do Texas, Ross Wilson.