O Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) reagiu mal à notícia de que agora consta no sistema eletrônico do Ministério da Educação (MEC) a aprovação de um curso de bacharelado semipresencial em Santa Catarina, ministrado pela Facvest. A novidade não foi bem aceita por diversas entidades ligadas ao setor, que pedem explicações sobre o caso.
Uma das primeiras a se pronunciar foi o próprio CFMV. No documento assinado pelo presidente, Benedito Fortes de Arruda, o conselho pede informações sobre o número do processo de autorização do funcionamento do curso citado, a data de autorização, além de informações adicionais sobre a relatoria do processo e a publicação da decisão no Diário Oficial da União.
Em entrevista ao Canal Rural, o presidente da presidente da Comissão Nacional de Educação em Medicina Veterinária do CFMV, Felipe Wouk, mostrou perplexidade com a decisão. “Recebemos com grande perplexidade porque a medicina veterinária exige uma tutoria muito aproximada em espaços vivenciais muito particulares, como hospitais, clínicas e fazendas. Não é possível formar profissionais com ensino a distância. O conselho pediu esclarecimentos, o que ainda não aconteceu, mas acreditamos que existe uma fragilidade no sistema”, afirmou.
Há mais de 250 cursos de graduação em Medicina Veterinária no Brasil, e todos devem ser cadastrados no MEC como presenciais. No entanto, a lei permite que as instituições de ensino superior ofertem algumas disciplinas dos seus cursos na modalidade semipresencial, isto é, com base em atividades didáticas e unidades de ensino centradas na autoaprendizagem.
“Na realidade, o curso de medicina veterinária pelas suas diretrizes curriculares, editadas pelo próprio Ministério da Educação, contempla a possibilidade do ensino a distância como complemento ao presencial, num percentual muito pequeno. Me parece algo que precisa ser rapidamente revisto pelo MEC. Eu gostaria de mostrar nossa preocupação com a questão ética de profissionais e docentes que se dispõem a um curso desta natureza”, completa.
Quem também mostrou indignação com o caso foi o Sindicato dos Médicos Veterinários do Estado do Rio Grande do Sul (Simvet/RS). O órgão emitiu nota técnica oficial criticando o caso. O comunicado repudia a formação incompleta dos graduandos em medicina veterinária em qualquer modalidade e aponta a incapacidade de um ensino a distância em formar profissionais criteriosos e éticos.