Pesquisadores da Embrapa Cerrados desenvolveram o clone de uma vaca da raça gir leiteiro. O objetivo do estudo é chegar a uma raça de bovinos transgênicos, que possam trazer benefícios para a saúde humana.
Acácia é a primeira vaca da raça gir leiteiro clonada no Distrito Federal. A bezerra tem pouco mais de dois meses de vida.
“A pesquisa ainda não terminou. Nosso objetivo é testar linhagens de células para melhorar a eficiência da clonagem, associada a uma droga que melhora a reprogramação do núcleo. O nascimento da Acácia é partir de uma célula de pele”, diz Carlos Frederico Martins, pesquisador da Embrapa Cerrados.
Acácia é fruto de pesquisas do Centro de Tecnologia em Raças Zebuínas, da Embrapa Cerrados. Para a clonagem, o material genético foi introduzido num óvulo sem núcleo e reconstruído por procedimento de laboratório.
O embrião foi gerado in vitro e em seguida colocado no ventre de uma vaca. Depois da gestação, o tratamento com a bezerra é o mesmo feito com o restante do rebanho.
“No que diz respeito à alimentação, comparado com animais que não são fruto de clonagem, é a mesma, dependendo do sistema de produção. Ela deve ser acasalada juntamente com os animais que pariram na mesma época do ano. Então, não existe diferença por esse animal ser fruto de uma clonagem”, diz Álvaro Moraes, médico veterinário da Embrapa.
A fertilização in vitro ainda é a técnica mais usada no Brasil, mas não garante excelência no resultado como clonagens que podem custar até R$ 40 mil por animal. E vale o alerta: o processo para que o animal gere os mesmos resultados não depende só da forma com que ele é gerado. É preciso seguir padrões de sanidade e ambiente do animal original.
“Para produzir leite, tem o fator do ambiente, dependendo do sistema de produção que a gente colocar o animal que originou cópia. No caso da Acácia, se a gente colocar em sistemas de produção diferentes, mesmo sendo geneticamente iguais, vão produzir diferente”, diz o veterinário Moraes.
Criador da raça gir leiteiro há quase 40 anos, Paulo Horta teve o material de três vacas de sua fazenda recolhidos para clonagem. A expectativa do produtor é garantir a alta produtividade.
“Faz quase 40 anos que nós iniciamos. Inicialmente fazendo inseminação artificial, depois transferência de embrião, posteriormente fecundação in vitro e agora, graças à Embrapa, alguns animais meus estão em processo de clonagem para irmos para o pico da pirâmide. A clonagem reproduz os animais top da seleção”, diz o pecuarista.
O brasil também está estudando o desenvolvimento de bovinos transgênicos, que carregarão moléculas benéficas para o homem, como insulina, anticorpos e alto valor agregado para o produto final.
“Nós utilizamos a ferramenta para produzir um clone transgênico. Isso é um estudo para que a gente produza um animal que tenha uma molécula de interesse farmacológico, interesse humano no seu leite. No caso, iniciamos estudos para produzir um anticorpo para combater doenças auto-imunes, de modo que esse anticorpo seja liberado no leite desse animal”, afirma Paulo Horta.