Um estudo inédito encomendado pela indústria de suínos do Rio Grande do Sul e coordenado pela Universidade de Brasília comprova que a suinocultura não seria impactada caso o vírus da febre aftosa entrasse no estado. Muitos países importantes no consumo de carne suína têm esse receio, o que impede o avanço das exportações.
Há 17 anos que não é encontrado nem um foco sequer de febre aftosa no Rio Grande do Sul. Em suínos, a introdução do vírus não ocorre há mais de 20 anos. Só que o fato de o estado manter a vacina causa receio em países importadores. O medo é que a doença passe despercebida entre os suínos. Segundo a indústria, isso é praticamente impossível.
“Considerando a suinocultura no Rio Grande do Sul, o sistema de produção, o serviço de defesa sanitária, o sistema de vigilância existente a campo nas granjas, tudo isso são barreiras que impedem que, se porventura ocorrer uma situação de emergência no estado, nós possamos diagnosticar de uma forma precoce e impedir que isso chegue ao frigorífico e seja exportado”, afirma Ildara Nunes Vargas, assessora técnica do Sips (Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos).
O estudo solicitado pela indústria em conjunto com a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) se destina a autoridades sanitárias na busca por novos mercados e deve auxiliar na análise de risco.
“O Rio Grande do Sul hoje tem acesso somente a cerca de 40% do mercado internacional de carne suína. Quer dizer, nós estamos fora cerca de 60%. Ou seja, mais de 50% do Rio Grande do Sul não tem acesso ao mercado internacional”, diz Rogério Kerber, presidente do Fundesa (Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal).
O levantamento se baseou em informações do setor e literatura internacional sobre o assunto. Pesquisadores e técnicos visitaram mais de 600 granjas, além de indústrias em municípios produtores do Rio Grande do Sul. A biosseguridade foi o principal item observado.
A conclusão é de que o Rio Grande do Sul atende a padrões de biosseguridade e vigilância, como cercamento, cuidado com a entrada de pessoas na granja, controle de vetores e redução do uso de antimicrobianos. É isso que ajuda a manter o vírus longe.
“O risco é desprezível, em razão de todos os procedimentos adotados pelos produtores de suínos no estado junto com as integradoras”, afirma Kerber.