A discussão sobre a possibilidade de o Paraná ficar livre da necessidade de vacinar seu rebanho contra a febre aftosa, com a garantia que o estado não sofre mais da doença, foi retomada hoje, dia 17, em reunião entre autoridades e produtores em Maringá. Atualmente, apenas Santa Catarina possui este status.
O governo do Paraná, junto à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do estado (Seab), iniciou no mês de abril o processo de reconhecimento do território estadual como área livre de febre aftosa sem vacinação. Segundo as autoridades, a homologação vai possibilitar que a carne produzida no estado possa ser exportada a mercados mais exigentes, como Estados Unidos, China e Hong Kong. As exportações de proteína paranaense representam 15% dos embarques do país.
O governo estadual acredita que já cumpre os pré-requisitos necessários para ser considerada uma região imune à doença. Caso o Ministério da Agricultura decidida dar esse status ao Paraná, a primeira fase de vacinação de 2015, que ocorreu em maio, provavelmente será a última no estado. Novas avaliações devem ser feitas perto do mês de novembro para decidir se o Paraná tem condições de permanecer sem a vacina. Após um ano, o título de área livre da doença será concretizado. A meta é que o Paraná consiga reconhecimento mundial até maio de 2017.
Os produtores do estado, porém, demonstram contrariedade aos planos do governo, citando que o estado faz fronteira com o Paraguai, onde a fiscalização sanitária não possui um forte rigor.
Outro ponto de preocupação é o problema de sustentabilidade no rebanho, uma vez que o Paraná não é autossuficiente na produção de bezerros. Nesse caso, as aquisições de estados como Rio Grande do Sul, São Paulo e Mato Grosso do Sul ficariam inviabilizadas. Segundo a Sociedade Rural de Maringá (PR), o déficit paranaense de bezerros é superior a 200 mil por ano.
O ganho com vendas a mercados restritos também é questionado pelos produtores, que alegam que as recentes notícias de autorização de exportação aos Estados Unidos e China anulam a necessidade de mudanças nas regras sanitárias.
O presidente da Scot Consultoria, Alcides Torres, também defende a manutenção da vacina no estado, argumentando que o estado tem áreas de florestas, com animais silvestres que podem transmitir a doença.
Para os produtores, caso o governo queira anular a necessidade de vacinação contra a febre aftosa no Paraná, ele precisará coordenar com outros estados e o Paraguai melhoras no processo de vigilância sanitária, além da erradicação da doença nesses locais.