O Ministério da Agricultura (Mapa) realizará em agosto a primeira auditoria em uma indústria avícola para o Projeto de Compartimentação, estratégia que tem o reconhecimento da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). A iniciativa, regulamentada por Instrução Normativa do ministério, prevê a vistoria de unidades da empresa de genética avícola Cobb-Vantress.
Segundo a empresa, que participou nesta quinta, dia 30, do Salão Internacional de Avicultura e Suinocultura (Siavis), em São Paulo (SP), a vistoria será realizada nas plantas de Guapiaçu, Palestina e Paulo de Faria, no interior paulista, e deve ocorrer na segunda quinzena do mês que vem.
A certificação de compartimentação reconhece a biossegurança da empresa para a infecção pelos vírus de gripe aviária e doença de newcastle, conforme o Ministério da Agricultura. A compartimentação consiste em dividir cada núcleo de produção. Este modelo torna mais eficiente um rastreamento sanitário pleno da produção, permitindo gestões mais rápidas em caso de crises sanitárias. Com isso, os impactos econômicos diminuem e se proporciona mais segurança sanitária e credibilidade à cadeia produtiva, explica o ministério.
Outro aspecto é que, em um caso de surto da doença no país, a indústria certificada pode manter seu status sanitário para exportar para determinados países. É uma das formas de se proteger para não perder espaço no mercado internacional.
A normativa foi criada pelo governo em outubro do ano passado. Além da Cobb-Vantress, JBS e BRF (unidade de Lucas do Rio Verde – MT) também estão em processo de certificação, mas ainda não há previsão de auditoria.
Sanidade
Evitar a entrada da gripe aviária no país é a principal preocupação do governo neste momento. A sanidade é o tema central do Siavis deste ano. A doença tem assustado o mundo, mas não chegou ao Brasil e o objetivo é continuar assim.
O Brasil é o único entre os grandes produtores do mundo que nunca registrou casos de influenza aviária. Mas o maior perigo vem agora em setembro, por causa das aves migratórias. Nos Estados Unidos a doença afetou quase 50 milhões de aves e causou US$ 1 bilhão em prejuízos.
– Sanidade é o nosso foco. Pedimos ao governo mais empenho na defesa agropecuária – relata Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
O coordenador de Sanidade Avícola do Mapa, Bruno Pessamilio, apresentou a revisão do Plano Nacional de Prevenção à Influenza Aviária, que deve se tornar mais rigoroso no controle da doença e acelerar a identificação de casos suspeitos. O novo texto do Plano diz que em caso de suspeita de gripe aviária, o isolamento pode começar antes mesmo da conclusão dos laudos laboratoriais. Lotes de aves suspeitos não vão poder ser abatidos, para evitar o risco de contaminação do abatedouro. Os cuidados também devem se estender às aves que não são para corte; granjas que não tomarem medidas de biosseguridade vão estar sujeitas a mais sanções, como evitar a entrada de pessoas estranhas nos aviários, lavar veículos antes que entrem na unidade produtiva e impedir o contato dos frangos e galinhas com aves silvestres.