A indústria global de carnes pela primeira vez entrou em acordo sobre o papel que pode desempenhar para mitigar as mudanças climáticas. O Secretariado Internacional da Carne (IMS, na sigla em inglês) divulgou durante a 21ª Conferência do Clima (COP-21), em Paris, um documento com uma série de iniciativas e práticas, já em andamento, que podem contribuir para a redução das emissões de gases do efeito estufa e para elevar a eficiência da produção no que se refere à preservação ambiental.
A entidade reúne produtores, exportadores e entidades governamentais e empresariais de todo o mundo, que representam mais de 75% da produção global de carnes. Uma das signatárias do compromisso é a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), que representa a cadeia produtiva da carne bovina no Brasil.
No documento, o IMS cita que a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) estima que o setor contribui com 14,5% das emissões de gases do efeito estufa. No entanto, a entidade ressalta que estas emissões estão sendo diminuídas por meio de práticas inovadoras “que apoiam a produção sustentável e ambientalmente responsável de proteína animal, utilizando menos recursos e resultando em menor impacto”.
O IMS cita programas de melhoramento genético e sanidade para aprimorar a nutrição animal e evitar perdas de carbono e nitrogênio na atmosfera, além da preservação dos solos ao otimizar a produção de pastagens e prevenir a erosão. No documento, o setor também se compromete com práticas para a gestão de resíduos a fim de reciclar nutrientes e energia, reduzir significativamente o desmatamento e utilizar tecnologias no processamento das carnes que otimizem recursos e reduzam a demanda por água e energia, além de melhorar as condições de trabalho.
Em comunicado, o diretor executivo da Abiec, Fernando Sampaio, afirma que o Brasil tem a oportunidade de atender parte da demanda crescente por proteínas animais no mundo ao contribuir “para mitigar mudanças climáticas, por meio da intensificação da produtividade e restauração de pastagens e da recuperação de florestas previstas no Código Florestal”. Além de representar a cadeia nacional, Sampaio também é vice-presidente do Comitê de Sustentabilidade do IMS.
O IMS afirma que associados ao redor do mundo estão engajados em traçar estratégias de mitigação que sejam eficientes do ponto de vista de custos e adequadas à diversidade e complexidade do setor. “Muito progresso já foi feito e estamos comprometidos com uma cultura de contínuo desenvolvimento”, escreve a entidade.