Com projeção de alta no preço dos grãos, o custo com alimentação de vacas também deve crescer em 2018. De acordo com o analista de mercado da Agripoint Valter Galan, dependendo do cenário observado para soja e milho, o aumento pode ficar entre 10% e 15%.
“O produtor tem que estar bem atento a isso. Gerenciar bem a propriedade e o fornecimento de concentrado porque será um cenário diferente do que ele teve no ano passado, de preços mais baixos”, diz Galan.
Na propriedade de Carlos Gomes de Oliveira, em Piracicaba (SP), as vacas têm ficado mais tempo no pasto. Assim, ele fornece uma comida mais barata, porém, menos produtiva. Um mal necessário, já que com a queda nas cotações do leite, o produtor precisou reduzir o investimento na alimentação dos animais.
“Até o mês passado a gente ainda tinha comida de inverno, que eram as silagens feitas no verão passado. Muito pouca coisa foi mudado. Mas a partir do momento que a silagem foi acabando, a gente voltou os animais para o pasto”, explica Oliveira.
Segundo o pecuarista, mesmo adubando a pastagem, a produtividade não é mais a mesma. “Os animais sentem. Eles perderam uns 15% de produção e isso também afeta um pouco da reprodução dos animais. Eles comem menos e demoram mais para emprenhar, o que vai acabar refletindo também no número de vacas em lactação no ano que vem”, conta.
O que pode compensar o custo de produção mais caro é o preço do leite que tende a subir em 2018 e interromper uma trajetória de meses de queda. Especialistas esperam pela melhora do poder de compra da população e aumento do consumo de lácteos. O aumento de demanda com a redução da oferta deve estimular a alta do leite.
A analista de mercado do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) Natália Grigoll diz que muitas praças estão convivendo com o aumento no abate de matrizes e que a situação tem se agravado.
“Investimentos na atividade não foram feitos em muitas regiões, como reforma de pastagem, e isso a gente sabe que vai ter uma consequência. Então, em 2017, a gente viu um cenário de aumento de oferta, que ajudou os preços a ficarem em patamares baixos, para 2018 a já começamos a vislumbrar que a oferta pode ser reduzida”, afirma Natália.