Depois de sete meses em alta, o preço do leite ao produtor em setembro (referente ao leite entregue em agosto) registrou queda de R$ 0,07, com baixa de 4,6%. Considerando-se a média Brasil líquida do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o valor do produto fechou a R$ 1,4748 por litro. Ainda assim, a média de setembro ficou 36% superior à do mesmo mês do ano passado, em termos nominais.
De acordo com a entidade, o recuo no preço ao produtor esteve atrelado ao consumo enfraquecido de lácteos, que, por sua vez, registravam valores elevados, devido justamente à forte valorização do leite no campo neste ano.
“A lenta recuperação da economia e a instabilidade do cenário político têm fragilizado o consumo, tendo em vista que a demanda por lácteos só é estimulada quando o poder de compra do brasileiro aumenta. Diante da incapacidade de o consumidor absorver novas altas, houve a necessidade de realização de promoções em agosto e setembro, resultando em queda no preço ao produtor neste mês”, comentou o Cepea em relatório.
No acumulado da segunda quinzena de setembro (até o dia 26), o leite longa vida (UHT) negociado entre indústria e mercado atacadista do estado de São Paulo se desvalorizou 0,9%. Apesar das vendas fracas, colaboradores relatam que os estoques estão baixos.
Além disso, os volumes negociados de leite no mercado à vista seguem estáveis, indicando que a oferta ainda segue enxuta, sem excedentes consideráveis para ‘inundar’ o mercado. Por esse motivo, inclusive, o leite spot negociado em Minas Gerais registrou alta de 2,2% da primeira para a segunda quinzena de setembro.
Tendência
Segundo colaboradores consultados pelo Cepea, a expectativa é de queda nas cotações ao produtor para os próximos meses, com pressão vinda tanto da demanda, que segue fragilizada, quanto da oferta, já que o retorno das chuvas favorece a produção.
No entanto, alguns fatores podem limitar esse possível crescimento da oferta, como o aumento dos custos de produção, especialmente por conta da valorização da ração. Isso associado ao cenário de queda na receita podem reforçar o desestímulo de produtores frente aos riscos de produção e comercialização, impactando os investimentos na atividade.
“Vale ressaltar, ainda, que a possibilidade de ocorrência do El Niño – fenômeno climático que influencia na distribuição das chuvas – entre novembro e dezembro pode prejudicar as pastagens e a safra de grãos”, disse o comunicado..
Diante desse cenário, a expectativa do Cepea de que a produção em 2018 fique estável ou caia em relação a 2017 ganha força entre agentes do setor. Assim, uma competição entre indústrias para garantir matéria-prima pode diminuir a intensidade da queda dos preços no campo nos próximos meses.