Mais de 700 cavalos foram recolhidos mortos nas ruas do Distrito Federal em 2015. Para especialistas, os carroceiros que trabalham com os animais precisam de mais orientações para diminuir casos de maus-tratos.
De acordo com a Secretaria de Agricultura, mais de três mil carroceiros trabalham no Distrito Federal, segundo a secretaria de agricultura. Os números não revelam a causa das mortes dos animais, mas mostram realidade de maus tratos pelas quais eles passam.
Segundo o gerente do instituto responsável por fiscalizar os carroceiros, o governo realiza blitz periódica e, quando são encontradas irregularidades, os proprietários são multados e os animais são apreendidos.
“O que a gente mais vê são animais cegos colocados para trabalhar, muitas vezes com ferimento na parte da cernelha e no chanfro. Também vemos muitos sem ferraduras e outros com duas e, principalmente, alguns animais muito jovens colocados em carroça, o que também não pode” disse Marcos Ozeki, gerente de fiscalização de fauna do Instituto Brasília Ambiental(Ibram).
Para o gerente de apreensão de animais da Secretaria de Agricultura do Distrito Federal, Ralf Babethge, o problema enfrentado na capital federal faz parte da cultura do brasileiro e precisa ser revisto. “Existe a parte cultural e social. O carroceiro aprendeu isso com o pai, com o avô e os outros que botam excesso de peso nas carroças, o que preocupa muito”, falou.
Os casos que precisam de atendimento médico são encaminhados para o hospital veterinário de grandes animais da Universidade de Brasília, onde os animais são internados e acabam recebendo os tratamentos.
Segundo o diretor do hospital, Raphael Teixeira, a principal lesão apresentada pelos animais está relacionada a traumatismos no sistema locomotor, como feridas lacerantes ou perfurantes. “São muitos traumatismos e alguns animais ainda apresentam problemas de pele, além de desnutrição e cansaço extremo”, completou.
Os especialistas recomendam que esses animais comam pelo menos 8 kg de pastagem de qualidade por dia. Em muitos casos, no entanto, eles chegam ao hospital famintos, sem ter acesso, sequer, a um quilo de alimento por dia. “Os carroceiros precisam ser melhor orientados. Eles chegam a cuidar bem, mas com certo desconhecimento sobre quantidade de alimento, quantidade de carga, quantidade de tempo de trabalho que o animal deve realizar e o tempo de repouso para ele”, disse Raphael.
Dono do cavalo Pimenta e presidente de uma associação de carroceiros d eu uma comunidade de baixa renda do Distrito Federal, José dos Santos garante que a maioria dos trabalhadores cuida bem dos animais, mas reivindica apoio do governo para melhorar a qualidade de vida dos equinos. “O governo poderia dar uma chance, dar baias e um curral. Tem carroceiro que não tem baia, e deixa o cavalo solto, comendo verdura em um saco plástico. Os que têm baia enfrentam problemas com ratos que acabam provocando contaminações”, lamentou.