Medicamentos disponíveis contra vermes perderam eficácia

Manejo adequado pode ser alternativa de controle natural de parasitas, de acordo com pesquisadores do estado de São Paulo

Verminoses são doenças comuns em ovinos e caprinos, por causa da baixa imunidade que esses animais possuem contra infestações por vermes. Mucosa ocular esbranquiçada e papada protuberante, em muitos casos, significam a presença de vermes nos animais. 
Uma pesquisa brasileira mostra que boa parte dos medicamentos para controle de parasitas já perderam a eficácia. Segundo os pesquisadores, os vermífugos disponíveis no mercado deixam de fazer efeito com o tempo e podem até prejudicar o rebanho.

“O verme que está lá nos animais pode diminuir a produção de leite, produção de carne. Nos bovinos, os animais adultos não sofrem tanto com vermes, quem sofre mais são animais do desmame, de até 1 ano, 1 ano e meio, por aí, 18 meses mais ou menos, até 24 meses pode dar algum problema”, ensina a pesquisadora Cecília Veríssimo.

Outra profissional, a médica veterinária Luciana Katiki, explica que o que acontece hoje é que existem muito poucas moléculas que estão funcionando. “Na realidade, existe um trabalho realizado há pouco tempo aqui no estado de São Paulo, que demonstra que praticamente nenhuma molécula mais tem tido eficácia necessária pra parar com a doença”, conta.

Os ovinos são os que mais sofrem diante da ineficiência química. Neles, um verme chamado Haemonchus contortus provoca anemia profunda e pode levar à morte. “Ele mata animais em todas as categorias, principalmente fêmeas que estão com seus cordeiros ao pé, em todas as categorias e animais jovens”, diz Cecília.

Os especialistas recomendam que os ovinos doentes sejam colocados em baias para evitar contato com as fezes de animais já contaminados com parasitas.

“Os ovos dos parasitas são liberados na pastagem e, dessa forma, os animais se contaminam. Autocontamina e contamina os outros animais do rebanho”, afirma Luciana.

O que fazer?

Existem algumas soluções indicadas pelos especialistas, uma delas é evitar que os animais fiquem soltos no pasto. O rebanho do criador Leonardo Bataglia sofria exatamente deste problema, muitos filhotes morriam devido ao manejo inadequado. Eles ficavam a maior parte do tempo, soltos no pasto com as mães. Agora, ficam em baias durante todo o ciclo de lactação, e ainda passam diariamente por um controle visual.

“A mãe às vezes saia mais longe pra comer, o cordeiro ficava procurando e isso dava um stress nele e ele acaba se infectando mais rápido. Hoje, isso não acontece mais devido a esse manejo, que agora todos os animais ficam fechados, então isto não está acontecendo.”