As regras para a produção de frango caipira da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ANBT) já estão disponíveis. A regulamentação define padrões de produção, manejo, abate e até rotulagem dos produtos.
Na fazenda do produtor Luiz Bianchi, o manejo do frango caipira é rigoroso. Ele explica que os cuidados que vão desde a alimentação específica até o tamanho da área aonde os animais crescem no sistema semiextensivo.
– A ave tem que ser criada solta, em piquetes controlados para que isso também diferencie a qualidade da carne. O frango caipira se caracteriza primeiro pela linhagem. Ele tem que ser preparado para ser criado a campo, é um animal mais resistente, com propriedades organolépticas diferenciadas. Isso significa mais textura na carne, quem come frango caipira sabe a diferença no sabor. É um produto diferente do industrial – explica Bianchi.
O padrão seguido pelo produtor de Itatiba, no interior de São Paulo, agora faz parte de uma regulamentação publicada pela ABNT. O conjunto de regras foi definido após três anos de debates e levantamentos de entidades do setor.
– A primeira coisa é ter conhecimento da norma, hoje, é possível baixa-la na internet. O produtor deve ler e fazer a comparação com o que a norma prevê. Se o frango é de raças rústicas, de crescimento lento, se você tem pelo menos 70 de criação, a forma de manejo, tomar sol, entre outros – destaca o presidente da Associação Brasileira de Avicultura Alternativa, Reginaldo Morikawa.
– As novas regras vão permitir que o consumidor tenha um produto padronizado e mais caipira. A ideia é que essa norma depois seja submetida ao Inmetro, para se ter um produto certificado. O consumidor é que vai sair ganhando – afirma Biacnhi.
O Brasil produz 90 milhões de pintos caipiras por ano. A maioria dos produtores compra as aves de casas agropecuárias que também vão ter que se enquadrar às normas técnicas.
– É também uma preocupação de ponto de vista sanitário, a procedência dessas aves, além de atender aquela exigência de frango caipira de genética. É importante saber de onde essas aves vem, saber se a granja é registrada no Ministério da Agricultura (Mapa), que a cada três meses colhe amostras, faz testes paras doenças controladas pelo Programa Nacional de Sanidade Avícola – diz o diretor de produção da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ariel Mendes.
A adoção das normas técnicas pelo produtor rural deve possibilitar ainda a abertura de novos mercados para o frango caipira do Brasil. A regulamentação pode dar ao país condições de concorrer com a frança, hoje, o maior produtor mundial deste produto.
– Já existiam demandas de alguns mercados para a importação desse produto, mas a produção era pequena, possível para atender o mercado interno. Agora, com a norma e os padrões bem definidos, isso dá segurança para as empresas produzirem, e com isso a gente vai abrir mais um produto na pauta de exportação brasileira que é o frango caipira – comemora Mendes.
Agora, a intenção das entidades ligadas ao setor é regulamentar também a produção e venda dos ovos caipiras no Brasil. A expectativa é que as normas sejam divulgadas ainda no segundo semestre deste ano.