A passagem do inverno para a primavera é considerado o melhor período para formação de pastagem, que é um dos processos mais importantes para garantir rentabilidade a pecuária. O trabalho deve ser feito com muito cuidado e o pecuarista precisa, acima de tudo, de uma análise do solo para mensurar o potencial produtivo da área
Segundo o professor da Esalq/Usp Moacyr Corsi, a semeadura deve ser feita no início do período das águas, no mês de outubro, já que o atraso no processo pode gerar perdas na produção de arrobas. “Existe um impacto muito grande se houver atraso de plantio no mês de outubro, onde temos entre 80 a 100 milímetros acumulados. A cada mês que o pecuarista atrasa o plantio é provável que ele deixe de ganhar cinco arrobas durante os períodos das águas”, falou.
Antes de iniciar a semeadura, o pecuarista deve escolher a forrageira que vai ser utilizada. A decisão deve ser baseada em critérios como clima, relevo, incidência de pragas e não apenas no potencial produtivo da variedade. “Se eu tenho um material muito produtivo, mas com um histórico de cigarrinhas de pastagem, não vai adiantar pegar um material suscetível. Outra questão é que se colocar um material produtivo em um ambiente de baixa fertilidade, ele não vai responder”, comentou Rodrigo Barbosa, da Embrapa Gado de Corte de Campo Grande (MS).
No preparo do solo, o pecuarista precisa ficar atento à taxa de semeadura e a profundidade do plantio. Nos métodos convencionais, a medida utilizada é de 20 centímetros, mas Moacyr afirma que o correto é entre 30 a 40 centímetros. “Se você coloca a 40 centímetros, é preciso dobrar a dosagem de calcário. Se existir essa possibilidade, eu recomendo que o pecuarista faça,pois, o cálcio de onde vem o calcário favorece a correção do solo e o desenvolvimento do sistema radicular em profundidade”, comentou.
Após a formação da pastagem, é preciso realizar o manejo correto da área. No pastejo rotacionado, por exemplo, o pecuarista deve ficar atento à altura de entrada e saída dos animais para não prejudicar a produção de matéria seca da forrageira.
“Esses critérios estão relacionados incidência de luz da planta. Nós fazemos essas avaliações em pesquisas e relacionamos com a altura, já que para cada espécie forrageira existe uma altura de entrada e saída. Se a minha altura de entrada estiver correta, a de saída será aproximadamente 50% da altura de entrada. Em um pasto, recomendo a altura de entrada de 30 centímetros e a de saída em 15 cm”, comentou Leonardo Barbero, professor da Universidade Federal de Uberlândia.
Outro ponto importante para uma boa pastagem é a formação do sistema radicular da planta. A raiz deve ter altura superior a 1 metro para conseguir buscar água no período da seca e uma das estratégias é aplicação de nitrogênio e gesso 30 dias antes do término do período das chuvas.
“Quando a planta chega aos últimos 30 dias de chuva, ela começa a se estruturar para atravessar o período de estresse e vai aprofundar as raízes para fazer tecido de reserva. Se você utilizar o nitrogênio, vai ter pico de crescimento e, na contrapartida, a planta vai reter o nitrogênio e aprofundar as raízes. O gesso, por outro lado, é uma fonte de cálcio e enxofre e desce os nutrientes em camadas que o calcário não consegue chegar”, explicou o consultor de pastagens Wagner Pires.
O manejo correto garante a perenidade das plantas e evita custos com reforma de pastagens. “É cultura perene e não precisa ser reformado”, concluiu Leandro.