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MT: pecuaristas se tecnificam para concorrer com a agricultura

Dono de um rebanho de 29 milhões de cabeças, Mato Grosso perde área de pasto para a agricultura; de 2012 para cá foram 2 milhões de hectares

Fonte: Seapa

O ano de 2016 foi um desafio para toda pecuária brasileira. Mas, em Mato Grosso, além da dificuldade com os custos de produção e preço do boi gordo, o produtor enfrenta outra concorrência: o crescimento da agricultura sobre as áreas de pastagem.Em Mato Grosso, aos pouco, áreas de pastagem têm dado cada vez mais lugar à soja, ao milho e ao algodão. Dono de um rebanho de mais de 29 milhões de cabeças, o estado enfrenta dificuldades para manter a pecuária.

Segundo levantamento realizado pelo instituto mato-grossense de economia agropecuária (Imea), em 2012 existiam cerca 25 milhões de hectares com pasto. Em 2016, esse número caiu para cerca e 23 milhões de hectares. “Nos últimos anos a agricultura foi muito rentável. E como houve uma diminuição no desmatamento no estado, a agricultura tem avançado em cima das áreas de pastagens. Pastagens onde havia aptidão e algum grau de degradação foram convertidas para agricultura”, diz Paulo Moraes Ozaki, gestor de projetos do Imea.

O pecuarista Arnoud Schneider avalia o crescimento a partir do problema cultutal. “Agronomicamente dentro da pecuária não se cuida muito bem dos pastos. É preciso adubar, fazer com que ele cresça. Se o pecuarista fizer nascer uma folha de capim a mais do que nascia antes, já está dobrando a produtividade de seu pasto”.

Engorda eficiente

Com a falta de oferta de pastagem a alternativa encontrada por muitos pecuaristas tem sido o confinamento e o semi- confinamento. “Isso fica muito perceptível a medida que a idade de abate dos animais tem diminuído com a mesma produção de carne. Estas ferramentas de intensificação fazem com que a produtividade consiga aumentar mesmo diminuindo a quantidade de pastagens. É uma tendência para os próximos anos, o aumento da produtividade em áreas menores, mantendo e até aumentando a produtividade”, diz Paulo Ozaki.

Embora o crescimento exista, quando olhado de perto, o ano de 2016 não foi muito bom para quem optou pela atividade. A falta do milho fez o custo de produção subir e a crise econômica reduziu o consumo, afetando diretamente a pecuária.

O Superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Francisco Manzzi, diz que a crise econômica do País afetou todos os setores da economia. “ O setor pecuário não vive em uma bolha. Nós sofremos influência disso, com relação a salários. O  governo não tem condições de investimentos, em todos os estados, as contas não fecham. Vamos dizer que a diminuição da hemorragia dos gastos as artérias e as veias mais calibrosas foram estancadas, mas ainda precisa se ter uma reforma política bem feita para que a gente não gaste mais do que ganhe”, avalia. “Com os insumos e o custo de mão de obra também alto, o produtor tem que gerir seu negócio. Antigamente qualquer pecuária dava lucro, hoje, apenas projetos muito tecnificados conseguem sobreviver”.

É o que tem feito Arnoud Schneider para conseguir viver da atividade há mais de 20 anos. Com um rebanho de 4.500 cabeças, o pecuarista está pouco otimista com 2017. “Vejo um cenário mais complicado para o ano que vem. A única saída é partir para um esquema de maior produtividade, de uso mais intenso de tecnologia para fazer frente aos preços e ao aumento dos custos. O segmento de gado de corte é o segmento menos desenvolvido do agronegócio brasileiro. Precisamos mudar isso.”

Conquistas

Embora concorde com o cenário pessimista, o Superintendente ACRIMAT não esquece de comemorar as conquistas do setor. “Exportações, entrada da carne in- natura para os estados unidos, inversão do calendário da aftosa, além de conversas amigáveis com o governo foram fatores positivos. O início do Instituto Mato-grossense da Carne vai dar transparência aos processos e selo de qualidade à nossa carne, o que vai nos ajudar a conquistar cada vez mais mercados.”

Para a entidade, o sucesso da pecuária passa pela abertura de novos mercados, já que a qualidade vem sendo trabalhada pelo setor há algum tempo. “Temos mandado animais jovens para o frigorífico, que é fruto do intenso trabalho em melhoramento genético, intensificação das pastagens, integração lavoura pecuária. Temos feito a nossa parte o produtor a parte dele.Temos condições de atingir os mercados mais exigentes, o que precisamos é divulgar isso e investir mais em marketing”, pontua Manzzi.

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