O clima foi de ansiedade nesta quarta-feira, dia 19, no terceiro dia do Congresso Brasileiro da Raça Quarto de Milha, realizado em Avaré, no interior de São Paulo. Durante o evento, milhares de apaixonados pelo cavalo aguardaram com apreensão o resultado da votação da Proposta de Emenda Constituição (PEC) que regulamenta a prática dos esportes equestres, conhecida também como PEC da Vaquejada. A votação, no entanto, foi adiada mais uma vez e volta a pauta na próxima terça, dia 25.
Para o presidente da entidade que representa a raça, a proibição de esportes equestres pode comprometer toda a receita do setor. “Pode ocorrer um colapso, pois o que fomenta a cadeia são as provas equestres e, diante desta PEC, o grande trabalho de todas as associações é a conscientização dos políticos sobre a realidade do mundo equestre”, disse Fábio Pinto, presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Quarto de Milha (ABQM).
O setor movimenta cerca de R$ 16 bilhões por ano, com destaque para o quarto de milha que, somente em 2016, faturou R$ 260 milhões com a venda de animais. Além disso a atividade é responsável pela geração de 3 milhões de empregos e muitos destes postos de trabalho podem ser fechados com a eventual aprovação da proposta.
Para o treinador de cavalos Ricardo Moura, que há 15 anos também atua como competidor, o esporte equestre é o único meio de sobrevivência. “Sempre trabalhei com isso e vivo por eles (cavalos). A raça quarto de milha é o que coloca a comida dentro da minha casa e a gente não pode deixar isso parar”, falou.
Em situação semelhante, o tratador Gustavo Henrique, de apenas 25 anos de idade, se vê preocupado com o futuro da profissão. “Muitas famílias vivem do cavalo. É como se fosse uma empresa muito grande, que não pode parar de jeito nenhum, pois existe muita coisa envolvida”, disse.
Bem-estar
A preocupação com o bem-estar dos animais na prova é levada em consideração pelos organizadores. Ao final de cada competição, o cavalo é avaliado por um jurado que verifica o estado do animal e, se houver alguma ocorrência, o cavaleiro é punido e pode até ser desclassificado.
“Observamos se não tem nada maltratando o animal. Na boca dele, por exemplo, são usados equipamentos confortáveis para não provocar sangramento. Olhamos também se o cavalo não está mancando ou se não tem algum sangramento na barriga, tudo para manter a saúde do animal”, revelou o jurado Paulo Tabajara Dualibi.