Melhores perspectivas de preços pagos aos produtores e menor custo de produção com a dieta resultarão no aumento do número de animais confinados este ano. O levantamento foi realizado em campo pelo Rally da Pecuária 2015 e mostra que o total deve chegar a 5,19 milhões de cabeças, crescimento de 520 mil cabeças em relação ao ano passado.
Mesmo com essa expansão, a intenção é de confinar 5,74 milhões de cabeças, conforme apurado durante o Rally. O número só não será ainda maior porque os grandes confinamentos estão com dificuldades em originar bois magros para terminar no cocho.
Em relação ao abate, a estimativa é um aumento de 245 mil cabeças se comparado com o ano passado, dado que pode influenciar na pressão dos preços pagos ao produtor. A produção de carne, no entanto, deverá ficar praticamente estável (aumento de 0,6%), gerando 58 mil toneladas a mais que em 2014.
Sobre a situação dos pastos, o coordenador do Rally da Pecuária, Maurício Palma Nogueira, explica que entre 50% e 80% das áreas nos biomas Cerrado, Mata Atlântica e Amazônia apresentam sinais de degradação, porém apenas 4% estão efetivamente degradadas.
– Classificamos os pastos em cinco níveis de qualidade. O pior nível é o que classificamos como degradado, quando não há mais stand de plantas suficientes para recuperação, ou seja, o pasto deve ser reformado. Quanto antes o produtor interferir nesse processo, menor o custo e o risco ambiental – explica Nogueira.
No momento em que estiveram em campo, técnicos do Rally detectaram também maior volume de pasto por animal em comparação ao ano passado.
– Choveu na maior parte das regiões pecuárias, o que favorece a rebrota do pasto e a disponibilidade de capim. Verificamos que a sobra de massa de pasto não consumido em 2015 é muito maior do que se esperava, em torno de 10% da matéria seca. Em anos anteriores, esse volume variou de 35% a 50%. Essa informação reforça o conceito defendido pela Agroconsult, organizadora do Rally da Pecuária, de que a massa de capim compensa as emissões de carbono, sequestrando mais que o bovino pode emitir – esclarece o coordenador do projeto.
Investimento em iLPF
Produtores entrevistados apontaram que, do total de 1,04 milhão de hectares de pastagens, 45 mil hectares são voltados à integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF). Há intenção de começar novos projetos de iLPF em 36,8 mil hectares nos próximos anos.
– A integração com pecuária está presente nos planos de 50% das fazendas que responderam questionários do Rally da Safra 2015, ou seja, 380 produtores de Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Bahia e Paraná. Os mesmos agricultores indicam que 35,6% dos animais serão terminados em confinamento – complementa André Pessôa, sócio diretor da Agroconsult.