O coordenador da divisão de pecuária da Agroconsult, Maurício Nogueira, afirmou que a relação de troca entre o valor do bezerro e o do boi gordo está no pior nível da história da pecuária nacional. Ele participa do 6º Encontro de Presidentes de Sindicatos dos Produtores Rurais, promovido pela Faemg, em Belo Horizonte (MG).
– Achava-se que seria um absurdo e prejudicial à cadeia uma relação abaixo de 2x. Estamos no quarto mês seguido em que essa relação está neste nível baixo (atualmente por volta de 1,7x) – disse.
Segundo Nogueira, Minas Gerais chegou a ser o estado com a pior relação de troca, abaixo da média nacional.
– Até novembro, havia bezerro barato em Minas Gerais. Desde então, a demanda aumentou, inclusive de outros estados, e os preços subiram. Ao mesmo tempo, a cotação da arroba do boi gordo não aumentou tanto quanto se esperava – disse.
Hoje, o bezerro é comercializado em Minas por R$ 218,31/arroba, um dos mais altos valores do país, enquanto o boi gordo é vendido a R$ 133,61/arroba, em média, o que dá uma relação de 1,63 bezerro por boi gordo.
Nogueira disse que a partir de 2016 haverá recomposição do rebanho nacional.
– Começamos a reter matrizes neste ano e vamos ver então a produção de mais bezerros. Se não tiver nenhum problema climático, a relação de troca tende a melhorar pela maior oferta de bezerro no mercado. Entretanto, acredito que o ágio nos preços se manterão, justificados pelo uso de tecnologia na produção – completou.
Sobre produção de carne, a Agroconsult espera neste ano um volume de 9,9 milhões de toneladas equivalente carcaça ante 10,1 milhões de toneladas em 2014. Em 2016, a produção deverá aumentar para 10,1 milhões de toneladas. Em relação às exportações, a consultoria aguarda embarques de 1,96 milhão de toneladas neste ano ante 2,06 milhões de toneladas em 2014.
– Na virada do ano, a China começou a brecar compras da carne brasileira via Hong Kong e só agora aumentou as aquisições diretas. Então, as vendas externas ao mercado recuperam, mas o processo leva um tempo – declarou.
Para 2016, as exportações brasileiras voltam aos patamares de 2014, estima ele.
Leite
Nogueira espera aumento de produtividade na pecuária leiteira. Para 2015, a Agroconsult acredita que a produtividade chegará a 1.656 litros por vaca/ano e em 2016, 1.762 litros/vaca/ano.
– Estamos melhorando, mas ainda é uma vergonha ante a produtividade de outros países produtores – destacou.
O especialista comentou que a captação de leite está avançando para um perfil mais profissional, mas que o setor ainda precisa passar por um processo de consolidação, assim como houve no de carnes.
Sobre preços, Nogueira disse que daqui a dois meses as cotações irão se estabilizar e depois pode haver um pequeno recuo. Com relação ao consumo, pode haver uma queda na demanda por queijos e iogurtes e aumento na de leite.