Rio Grande do Sul debate alternativa para descarte de animais mortos

Projeto do governo quer evitar as composteiras e referendar uma empresa especializada para realizar a coleta de animais mortos nas propriedades

Fonte: Canal Rural

Todo ano o brasil produz mais de um milhão de toneladas de animais mortos antes do abate e, no Rio Grande do Sul, o setor produtivo e defesa sanitária animal propõe nova alternativa para carcaça de animais que morrem nas propriedades, que podem ser transformados em adubo orgânico para pastagens. O procedimento está previsto na legislação ambiental, seguida pela maioria dos pecuaristas, principalmente na suinocultura.

“Atualmente, o animal é colocado dentro da composteira, que tem se ser tapada com um material fibroso como a palha de aviário e serragem. Com isso, ocorre um processo fermentativo que vai chegar em torno dos 60 ºC, gerando a decomposição do animal”, disse o gerente técnico e comercial da a Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Luciano Bianco do Amaral.

A compostagem, no entanto, não deve entrar em contato com o solo por causa do risco de contaminação. “A gente sabe que em algumas granjas, menos sofisticadas, ocorre o enterro desses animais e isso pode causar um dano para o lençol freático. A maioria dos produtores nem tem onde colocar esse animal, já que muitas vezes a composteira já não comporta o tamanho da granja e ele acaba colocando para fora da composteira”, completou.

Na suinocultura o índice de morte na fase de terminação é de 2%. De acordo com a Embrapa, o Brasil registra mais de 1 milhão de toneladas de animais mortos nas propriedades ao ano  e os três estados do Sul apresentam a maior concentração por área.

Alternativa

A proposta do setor é que o animal morto não fique mais em composteiras e seja recolhido por uma empresa especializada em processamento de animais. O governo estadual é quem vai levar a sugestão do serviço veterinário oficial  e das indústrias locais para a Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura.

Um projeto piloto em Santa Catarina também serve de modelo para elaboração da norma federal. “Existe uma legislação que está sendo trabalhada. A ideia é uma destinação sustentável, uma vez que é possível fazer de biodiesel até fertilizantes com elas. Alguns detalhes não estão claros ainda, mas serão debatidos”, disse Juliane Webster, coordenadora do Programa de Sanidade Suídea da Secretaria de Agricultura do Rio Grande do Sul.

A instrução normativa, válida para qualquer tipo de animal, também traria mais controle da sanidade nas propriedades rurais. “Seria importante para a defesa sanitária, que vai saber quanto está morrendo e a localização desses óbitos. A documentação emitida permitirá às autoridades ter o controle do que está acontecendo”, disse Rogério Kerber, presidente Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal do Rio Grande do Sul (Fundesa)