O cavalo crioulo chegou ao continente americano logo depois do descobrimento do Brasil. Acompanhantes de aventureiros, como o conquistador espanhol Carlos Cabeza de Vaca, os crioulos se perderam das comitivas e passaram a viver em estado selvagem por décadas, o que explica a resistência do animal ao frio, à fome e até a grandes altitudes.
O inspetor técnico da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC), Heitor Coelho, explica que, por ser uma raça com mais de 300 anos de seleção natural, o crioulo tem características específicas. Ele destaca que o couro costuma ser mais grosso, e os pelos da crina e cauda são mais abundantes que na maioria das outras raças.
“O criador argentino Emilío Salani basicamente escreveu o padrão da raça no início dos anos de 1900. Segundo Salani, a raça crioula possuía mais de 100 pelagens. E tem mesmo. Devido a suas pelagens básicas e sua variabilidade de colorações e tonalidades de pelos, existem crioulos de todas as cores e para todos os gostos”, diz Coelho.
Essa variedade de cores, tamanho e texturas de pelos também está ligada à diversidade étnica que a raça foi submetida com o passar dos séculos.
O criador João Vicente Brasil Sá explica que existem grupos de pelagem simples, compostas e conjugadas. No caso do crioulo, não são aceitos os apaloosas, nem os albinos. As pelagens mais comuns na raça são os gateados e os mouros.
“A pelagem é determinada geneticamente e está enquadrada naquilo que a gente chama de genética qualitativa, ou seja, ela é determinada por um ou por poucos pares de genes. É bastante fácil a gente prever quais são as pelagens possíveis de um acasalamento e, de uma forma inteligente, priorizar aquelas pelagens que a cabanha determina ser mais interessante para produção e aceitação comercial”, diz Sá.
A preferência pelas pelagens do crioulo varia de acordo com a região do país e também do gosto do criador. O mouro é atualmente um dos tipos mais valorizados. Já os cavalos pampas, os malhados e os novelhos ganharam nos últimos anos evidência e até exposições específicas.
“O crioulo consegue se adaptar bem a condições de frio, pois apresenta maior espessura do pelo em animais criados a campo. Com bom tratamento e manejo, o animal pode participar de exposições morfológicas da raça, onde é analisada a beleza do cavalo”, explica.