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Seis dicas para ganhar dinheiro com a pecuária

Saiba como gerenciar a propriedade, controlar os gastos e avaliar realmente o desempenho do rebanho com as informações da Scot Consultoria

A Scot Consultoria realizou há algumas semanas o Encontro dos Encontros, evento que reuniu em Ribeirão Preto (SP) cerca de 1.500 produtores, para falar sobre pecuária de cria, pecuária de leite e adubação de pastagens.

O veterinário e analista da consultoria Hyberville Neto reuniu alguns dos destaques de tudo o que foi discutido nas palestras e dias de campo, e elaborou uma lista dos itens mais importantes relacionados ao mercado e à gestão do negócio. Dicas de ouro para quem quer ganhar dinheiro com a pecuária. Veja quas são elas.
 
1. Visualize seu negócio
 
Embora seja uma palavra muito repetida, a gestão é um ponto falho na maior parte das propriedades. O termo gestão é abrangente. Temos gestão financeira, gestão de pessoas, processos, dentre outros.
 
Neste contexto, o convite inicial é para uma gestão simples. Obtenha números da sua propriedade. Saiba quanto de suplemento é consumido, quantos bezerros nascem, quanto de diesel é utilizado por hectare.
 
Com base nestes números, saiba quanto custa manter um bovino no pasto e quanto tem sido o ganho médio no seu sistema. Depois, estime o tempo que este animal ficará na propriedade.
 
Com o custo de compra e o custo na fazenda, você tem o custo do animal. Veja se as contas fecham hoje e se a conjuntura de mercado sinaliza algo interessante. Tenha estas estimativas antes de comprar.
 
Não existe regra para uma relação de troca boi/bezerro mínima para o lucro. Quanto maior a eficiência da produção, maior o preço que poderá ser pago pelo bezerro, mantendo o lucro, por exemplo.
 
Saiba quanto custa produzir na sua fazenda.
 
2. Considerada ou não, a depreciação está lá
 
Além dos benefícios óbvios que o aumento da escala de produção traz, como incremento da receita e maior poder junto aos fornecedores, existe a diluição de custos fixos.
 
Para o pasto, curral e veículos, dentre outros, quanto mais bovinos produzidos com estes meios, menor será o custo fixo por arroba. Melhor dividir a depreciação de um curral entre mil cabeças, que entre quinhentas.
 
Mas, e se não considerarmos a depreciação na conta? Bom, ela continuará lá.
 
A depreciação é a perda de valor de veículos e benfeitorias, dentre outros itens que participam de mais de um ciclo de produção. Se um trator que custou R$ 200 mil perder 80% do seu valor em 20 anos, temos uma depreciação anual de R$ 8 mil (R$ 160 mil rateados em 20 anos), que podem ser divididos entre mais ou menos bois. Aí a vantagem da escala, sob este aspecto.
 
A depreciação nada mais é que a diminuição do valor de um bem, que terá que ser readquirido após determinado período. É um provisionamento para a substituição daquela máquina ou benfeitoria.
 
3. Tecnologia não é religião
 
Novidades são bem vindas, desde que gerem resultados. Há tecnologias boas e ruins. Tecnologia cara é ruim e tecnologia boa é barata. 

Mas o que define se a tecnologia é cara ou barata? O seu retorno.
 
É melhor um custo adicional de R$ 50 por cabeça com uma suplementação que gere R$ 100 de retorno adicional, que um custo de R$ 1 por cabeça, que não dê resultado. A primeira é barata, gerando retorno de 100% em um dado período, enquanto a segunda é cara, pois não tem retorno.
 
Para as contas de retorno sobre o investimento em tecnologia, deve-se visualizar o todo. Por exemplo, quando o produtor usa inseminação artificial em tempo fixo (IATF), ele terá antecipação das prenhezes, desmame mais cedo, maior taxa de prenhez posterior por matriz, pois a fêmea teve intervalo maior antes da nova monta, dentre outros.
 
Mas quando fazemos uma “conta de padaria”, relacionando a receita maior pelo bezerro cruzado, nascido antes, mais pesado, ao custo da tecnologia, provavelmente ela já se pagará. Ou seja, a conta já fechou, os ganhos adicionais (da vaca, prenhezes posteriores e sistema como um todo) são lucro, literalmente.
 
Outro exemplo. Consideremos uma arroba cotada em R$ 178,95 (garrote em São Paulo) e um endectocida custando R$ 0,24/ml (R$2,74 ao ano, para um bovino com peso médio de 285 kg no período e duas aplicações).
 
Se no ano o animal ganhar 0,46 kg a mais (1,3 g por dia), o custo do medicamento terá sido pago. Há o custo de aplicação, com mão de obra e pistolas, sem dúvida, mas o ganho adicional necessário para o pagamento é mínimo. Se ainda restar dúvida sobre passar a usar determinado produto, faça testes em parte do rebanho.
 
Mas teste e pese, calcule, entenda o que ocorreu e use o que dá retorno.
 
4. Saber vender não é acertar na mosca
 
Trabalhar com boas médias de preços não significa vender no maior preço do ano. Tentar vender na máxima é pedir para vender na baixa.
 
Quando o mercado está em alta, o pecuarista acredita que pode subir mais e não realiza o lucro. Isto é comum e, por ser comum, gera um efeito de represamento.
 
Assim, diversos pecuaristas de uma região aguardam preços maiores e, quando a demanda fraqueja ou a oferta melhora, a indústria consegue diminuir as ofertas de compra. Neste momento, o pecuarista quer vender antes que o mercado ceda mais e a oferta geral aumenta.
 
Nisto, o pico já se foi e as indústrias estão com escalas maiores.
 
Uma boa média de preços é obtida com vendas compassadas, à medida que o mercado sobe. Também quando aparecem boas oportunidades no mercado futuro. Sempre considere esta possibilidade.
 
5. Fases ruins passam, fases boas também
 
As fases de preços em alta tendem a gerar bons resultados. Mas passam, assim como as fases ruins.
 
A pecuária é uma atividade complexa e ter bons resultados traz consigo uma parcela de mérito, sem dúvida. Mas ganhar dinheiro com preços historicamente altos não é sinônimo de eficiência.
 
Lembre-se das lições aprendidas nas fases de baixa, e prepare a sua fazenda para elas com os resultados de anos bons, seja através de reserva de capital, investimentos em tecnologia e demais ajustes.
 
Faça o ajuste fino na bonança, para esperar as próximas fases difíceis.

6. Faça das cinco dicas anteriores sua rotina
 
A gestão deve ser feita detalhadamente, mas se nada é feito hoje, qualquer conta simples é bem-vinda para um começo. Depois, aprimore.
 
Considere a perda de valor dos seus bens. Produza mais para diluir a depreciação e os custos variáveis indiretos (administrativos, por exemplo).
 
Avaliar tecnologias pelo retorno adicional que trazem ao sistema (receita adicional menos o custo adicional) é uma boa alternativa para começar a avaliar o seu uso. Tecnologia normalmente é uma coisa boa, mas nem toda e não em todo sistema.
 
Não queira acertar na mosca vendendo no pico de preços. Se quiser ter assunto para contar ao vizinho, busque poder falar que tem uma rentabilidade de 10%, ao invés de querer acertar na máxima em um ano, depois de vender mal em outros dez.
 
Ajuste a gestão, produção e comercialização. Ganhe dinheiro em anos bons e ruins.

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