Em Minas Gerais, pesquisadores de oito universidades brasileiras conheceram de perto um novo teste de progênie da raça gir leiteiro. O objetivo é selecionar os reprodutores que melhor associam rusticidade a produtividade.
Técnicos e pesquisadores estiveram em Uberaba, no Triângulo Mineiro, para participar da 8ª Prova de Pré-seleção para o Teste de Progênie de Touros Gir Leiteiro, realizada pela Associação Brasileira de Cridores da raça (ABCGIL) e Embrapa. Eles tiveram a oportunidade de ver em funcionamento a câmera termográfica, espécie de ultrassom que ajuda a identificar as características reprodutivas pela integridade dos testículos. A intenção é potencializar ganhos genéticos como precocidade e temperamento, além de reduzir erros na seleção genética.
De acordo com o superintendente técnico da associação, André Rabelo, no passado os reprodutores eram escolhidos ao acaso, pelo “feeling” do pecuarista. “A partir da introdução dessa prova, termos técnicos e científicos começaram a ser exigidos e começou-se a fazer uma ‘peneira’ para que apenas os bons animais em (termos de) temperamento, libido e conformação entrem em teste”, conta Rabelo, que é também professor das Faculdades Associadas de Uberaba (Fazu).
Neste ano, a prova contou com o laboratório que integra a Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), responsável por julgar parâmetros do sêmen em todo o país. Rabelo destaca a importância de o teste ser aperfeiçoado ano a ano, já que contribui para o desenvolvimento da raça e também fornece critérios para o mercado.
“A partir do momento que a gente selecionou os touros mais férteis, ao avaliar o teste de progênie, indiretamente a gente está aumentando a pressão de seleção das fêmeas gir leiteiro”, diz o superintendente.
O médico veterinário André Luiz Rodrigues, professor da Universidade Federal Fluminense, foi um dos que acompanharam o pré-teste. Ele afirma que, com os dados coletados ali, será possível entender, por exemplo, a relação entre fatores de congelamento das proteínas e a fertilidade. Ele acredita que com essas avaliações será possível criar associações com números reais de fertilidade no campo. “Além de também poder testar essas características na reprodução in vitro”.
O resultado das pesquisas vai ser divulgado durante a ExpoZebu, Exposição Internacional de Gado Zebu, realizada em abril. Trinta touros com melhor classificação nos dados vão ser selecionados e ranqueados. De acordo com o diretor de Marketing da ACBCGIL, Rodrigo Bragança, o gir leiteiro contribuiu para o Brasil ter se tornado o quarto maior produtor mundial de leite, já que a raça consegue se adaptar às condições nacionais com grande expressão de produtividade.