Um projeto executado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em parceria com a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), quer triplicar a produção de arrobas por hectares por meio do sistema de Integração Lavoura-Pecuária e Floresta (ILPF).
As pesquisas ocorrem há cinco anos e as primeiras avaliações mostram que a produção no sistema de integração foi de 20 arrobas por hectare ao ano, três vezes mais que a produtividade média no estado.
“A grande vantagem do ILPF é você conseguir implantar os reflexos da adubação da lavoura após a colheita na produção de forragens, sem que o componente “arbóreo” prejudique com o sombreamento e reduza a produção de forragens no sistema como um todo”, analisou o pesquisador da Embrapa Agrosilvipastoril, Bruno Pedreira.
Ao longo de 12 meses, o sistema ILPF produziu 18 toneladas de matéria seca por ano, enquanto que a pecuária tradicional registrou apenas 11 toneladas. No período das águas, o ganho médio de peso dos animais dói de 510 gramas por dia, ou seja, 50% a mais em relação à pecuária extensiva.
“De maneira geral, a gente se preocupa sempre em utilizar gramíneas que são fáceis depois na dessecação e no plantio da soja na sequência para facilitar o plantio direto. Aqui em Sinop (MT), nos campus experimentais, nós trabalhamos com a brizantha marandu, mas nós temos também a brizantha piatã, a brizantha paiagus, então, se você vai trabalhar com alternância, as braquiárias são uma boa possibilidade”, falou Pedreira.
Além de aumentar a produtividade por hectare, o sistema ILPF também ajuda a reduzir os impactos ambientais, com a redução de gases de efeito estufa e a recuperação de áreas degradadas. “Temos observados também dados relacionados a redução do escoamento superficial de água ,ou seja, isso contribui para uma maior infiltração da água no solo. Então, o solo passa a reter mais água dentro do sistema e isso evita, por exemplo, erosivos”, disse Eduardo Matos, chefe de pesquisa da Embrapa Agrosilvipastoril
Atualmente, o estado de Mato Grosso possui 750 mil hectares com sistemas integrados. A maioria das áreas alterna ciclos pecuários e agricultura. Para Bruno Pedreira, a falta de mão de obra qualificada ainda dificulta a expansão dessas áreas.
“É necessário ter gente capacitada e que entenda não só de árvores, de grãos ou de bois, mas sim de cada um dos componentes e das suas interações para que o sistema seja aditivo, e não negativo, quando a gente o faz de maneira conjunta”, falou.