O preço do quilo do suíno vivo em Minas Gerais registrou o maior valor do ano. Esta semana, o produto foi comercializado a R$ 4,45. A alta nas cotações representa um alívio para os suinocultores mineiros, que viram o custo de produção aumentar 18% na comparação com o ano passado.
Em uma fazenda próxima à cidade de Patrocínio, no Alto do Paranaíba, Alexandre Cesar Carvalho Dias abate cerca de 320 leitões por semana. Animais com média de peso de 120 Kg. Em agosto, o suinocultor recebeu em média R$ 3,60 por Kg. Já nesta semana, ele conta que conseguiu fechar contratos por um valor 25% maior.
– Isso, com certeza, impactou diretamente na margem, na rentabilidade do negócio. Eu acredito que até o final do ano nós vamos fechar em uma margem bem interessante, algo em torno de R$ 50 a R$ 60 de lucro médio por cabeça – calcula o suinocultor.
Para aproveitar o bom momento dos preços no mercado, o produtor vai investir em tecnologias de resfriamento de ambiente. O objetivo é aumentar o número de leitões por matriz e o peso dos animais na hora da desmama.
– O índice de prenhez da granja já é muito positivo, nós vamos fechar o ano em 94%. Mas a ideia com a climatização é aumentar um leitão desmamado por porca, e mais ou menos de 0,5 a 0,7 quilos o peso por leitão desmamado – conta Dias.
Em setembro, o preço do Kg do suíno vivo em Minas Gerais teve alta de 13,5% em relação a agosto, e chegou a ser comercializado a R$ 4,45, maior valor registrado nos primeiros nove meses do ano, no estado. Mesmo com a alta, o preço ainda é 5% menor em relação a setembro de 2014. Um dos fatores que ajudam a retomada de preços no mercado interno é o bom desempenho das exportações brasileiras. De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), no acumulado de agosto, o embarque médio diário de carne suína “in natura” foi de duas mil toneladas, quase 18% a mais em relação ao mesmo período de 2014.
– Esse aumento das exportações pressiona menos os preços no mercado interno e, com isso, garante sustentação. O outro ponto são as festas de fim de ano chegando e as carnes suínas são muito demandadas no final de ano, como pernil e lombo, as indústrias aumentam os abates para formar estoques para o final de ano. Nós aqui em Minas Gerais somos os maiores consumidores de carne suína in natura e todos esses fatores levam a dona de casa a comprar mais carne suína. Isso aumenta nosso volume e garante sustentação à venda de animais para os frigoríficos – explica Ricardo dos Santos, presidente da Associação dos Suinocultores do Triângulo Mineiro e Alto do Paranaíba.
A má notícia para os suinocultores mineiros é que o custo de produção em setembro também teve alta de quase 18% na comparação ao mesmo período do ano passado. No Alto do Paranaíba, o custo de produção do Kg do suíno vivo é de R$ 3,30. Em outras regiões do estado, este valor pode chegar a R$ 3,50.
– Nós sofremos uma pressão desse aumento de custo motivado por essa alta de dólar e esse aumento nos custos das matérias primas. Os que mais subiram foram farelo de soja e milho, que são os que mais demandam. E, nominalmente, os que mais subiram foram os medicamentos com até 40%, 50%, mas como nós não usamos volumes maiores, o que mais doeu no bolso foram o milho e a soja – diz Santos.