A manutenção preventiva de máquinas agrícolas é um item indispensável. Além de evitar grandes prejuízos, como a troca de um motor, esse cuidado pode dobrar a vida útil do equipamento e diminuir despesas futuras. Conversamos com mecânicos e especialistas e reunimos as principais dicas para ampliar a longevidade de tratores e colheitadeiras.
O citricultor Carlos Andrade, de Mogi Mirim (SP), lembra que o descaso com um simples filtro de ar pode ter consequências sérias num trator, por exemplo, como levar o motor a fundir. Para evitar problemas desse tipo, ele próprio e os funcionários da propriedade preenchem diariamente uma planilha para cada equipamento. Dessa forma, garantem que a manutenção seja feita a cada 500 horas de trabalho.
A planilha é lançada num sistema do computador que alerta quando a hora da manutenção está próxima. Ao aparecer o sinal vermelho, é preciso trocar óleo e filtros, para prevenir a quebra ou o desgaste dos equipamentos.
O mecânico Wagner Andrade chama atenção para o fato de que nem sempre a máquina dá sinais de que algo está errado. Por isso é importante que haja uma rotina de manutenção preventiva na propriedade.
O mecânico Andrade conta que, ao chegarem ao trabalho, os funcionários da propriedade costumam checar o nível de água do radiador do trator, nível de óleo do motor e do combustível, examinam a lubrificação e se a correia está solta. “São requisitos básicos do nosso dia a dia que todo operador tem que fazer, antes de por a máquina em funcionamento”, afirma.
Já para os mecânicos fica a tarefa de fazer a limpeza de filtros e reparos. “Troca de filtro, troca de óleo, regulagem de válvula, de bico etc.”, enumera Andrade.
Vida útil
Nesta época do ano, ocorre a colheita de cana-de-açúcar na região Centro-Sul do país. Antes de as máquinas irem ao campo, porém, passam por uma temporada na oficina para uma manutenção completa. A ideia é que as colhedoras de cana não “deem trabalho” aos operadores durante o período intenso da colheita.
O produtor de cana Arnaldo Pastre afirma que a correta manutenção pode até dobrar o tempo de uso da máquina. Segundo ele, o fabricante afirma que a vida útil da colhedora é de cinco anos, mas, com os cuidados preventivos, ela pode trabalhar pelo menos por dez anos.
Ele lembra que a safra termina em novembro, e, já em dezembro, começa o período de manutenção dos equipamentos. Pastre afirma que o processo não é barato, mas postergar os cuidados pode encarecer ainda mais a operação.
O produtor calcula que a manutenção de uma colhedora custe cerca de R$ 50 mil. “Isso porque a gente faz o preventivo”, diz. Ele afirma que, se deixasse de fazer a manutenção em um ano, no outro a conta poderia passar de R$ 100 mil.
Pastre tem duas colhedoras, que trabalham 24 horas por dia em 700 hectares de canaviais próprios e arrendados. Responsável pela manutenção das máquinas, o mecânico José Francisco Mian afirma que é preciso dar atenção ao sistema de acoplamento do motor hidráulico ao rolo transportador de cana. Segundo ele, há muito desgaste nos motores que levam o material ao sistema picador, por causa do peso da cana.