Opinião

Alexandre Garcia: Excessos contra o vírus podem nos derrubar economicamente

Confira, na íntegra, o comentário de Alexandre Garcia sobre os efeitos econômicos que o coronavírus pode provocar no Brasil

Vamos começar a falar de coisas boas, como o entendimento do presidente da república, Jair Bolsonaro,  e os governadores. Foi feita uma conferência entre os governadores do Nordeste e o presidente, foi uma reunião muito cordial, apesar de serem governadores de oposição.

Estão acertando as pontas para não prejudicar a economia,  combater o vírus e proteger os grupos de risco. Nesta terça, 24, foi a vez da reunião com os governadores do Centro-Oeste e Sul, mas ficamos aguardando como será a reunião com os governadores do Sudeste, que é a principal região geradora de casos e mortes.

O principal estado com mortes é São Paulo, incluindo a morte mais jovem, que foi de uma pessoa com 26 anos com bronquite. É uma cidade, a capital paulista, que não é tão boa para as vias respiratórias, talvez por isso haja tantos casos.

Em contrapartida, são poucos casos em estados como Mato Grosso, Tocantins, Maranhão ou Amapá. São lugares com pouquíssimos casos e, talvez, seja uma situação para se repensar medidas drásticas que vão afetar a economia.

A economia na Ásia já está se recuperando, com bolsas subindo no Japão, Coreia do Sul e China. 

Os chineses já recuperaram mais de 80% do transporte aéreo, enquanto isso os meus amigos comandantes de aviação comercial no Brasil estão em casa ganhando 25% do que ganhavam, o que gera menos consumo.

A China está trabalhando além da capacidade na indústria automobilística e de eletrodomésticos para atender aos pedidos que ficaram parados. O comércio chinês já retomou 90%, comprando inclusive proteínas que saem do Brasil.

Enquanto isso, nossa bolsa é a que mais despenca no mundo. Alguém está nos assustando demais, exagerando.

O dólar passou de R$ 5, o que prejudica na hora de comprar fertilizantes, já que 70% vem de fora. Tá na hora de estimular nossa indústria local de fertilizante, nossos 30%. Tem que aumentar para não deixar tanta divisa ir embora.

Esse entendimento com os governadores é uma boa notícia, principalmente para o escoamento de produtos do campo. O campo não para nunca, nunca parou.

A galinha não tem hora para botar ovo, a vaca não tem hora para dar leite, a soja e o milho não têm hora para crescer. E o produtor rural não tem hora para trabalhar.

O  outro lado é que precisamos dosar direitinho, pois, de repente, passamos do ciclo do coronavírus pois somos um país jovem, de poucos fumante e que tem espaço para evitar aglomeração. A gente passa mais fácil do que os outros por esse ciclo, mas vai entrar em outro ciclo que criamos por excessos, que é uma recessão grave, ou uma depressão, que é pior ainda.

Temos que evitar isso e, a cada dia, dosar e avaliar.