O governo de São Paulo aumentou as alíquotas de ICMS sobre diversos itens e insumos. De acordo com o Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a agricultura deve ser o setor mais afetado, com queda de 2,7% no valor da produção. A pecuária, por sua vez, deve ter baixa de 0,9%. A agroindústria pode recuar 0,3%, segundo a projeção.
O presidente da Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Coplacana), Arnaldo Bortoletto, afirma que o setor foi pego de surpresa pelos decretos do governador, já que João Doria, durante a eleição, buscou apoio no setor para se reeleger. “Agora, na primeira chance, ele vem e aumenta a alíquota de um imposto que afeta diretamente o produtor rural”, diz. “É um absurdo”, complementa.
O setor tentou dialogar com o governo, mas não conseguiu reverter os aumentos. Por isso, produtores paulistas devem se reunir em várias partes do estado, na quinta-feira, 7, a partir das 8h, em manifestação. O “tratoraço”, segundo Bortoletto, pede a revogação dos decretos.
O presidente da Coplacana afirma que o aumento de ICMS vai pesar também sobre o consumidor final. “Mostraremos à população que nós produtores teremos um reflexo direto e eles, um indireto, porque os produtos vão custar mais”, diz.
Produtores de Tietê vão aderir ao tratoraço nesta quinta-feira. De acordo com o sindicato rural do município, a cobrança de ICMS sobre energia elétrica, que era isenta, vai prejudicar bastante a avicultura local, pois o insumo representa de 15% a 20% dos custos de produção.
“Não é hora de um aumento como esse. Nossos governantes deveriam pensar: ‘pandemia, estamos todos com problemas’. O agro tem segurado as pontas, aumentar o imposto em uma hora dessas é suicídio”, afirma Tony Persona, presidente do Sindicato Rural de Tietê.
Em Tietê, o tratoraço deve acontecer na Avenida Prefeito Antônio Romano Schincariol, que liga o município a Cerquilho. Produtores da outra cidade também devem participar do ato.
Bortoletto defende que o governo arranje outras formas de ajustar as contas públicas. “É muito fácil numa canetada arrecadar mais. Tem é que reduzir despesas”, frisa.