Representantes da agropecuária de São Paulo esperam se reunir com o governo estadual nesta quarta-feira, 30, para reverter pelo menos parte dos aumentos de ICMS sobre insumos e produtos do setor.
No entanto, o presidente da Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo (Ocesp) e coordenador do Fórum Paulista do Agronegócio, Edivaldo Del Grande, não está otimista. Segundo ele, tudo o que a equipe de João Doria fez até o momento foi tentar enrolar o setor.
Ele exemplifica ao citar a questão da cesta básica. O governo decidiu não taxar os produtos diretamente, mas insumos importantes terão a alíquota de ICMS elevada, causando um efeito cascata.
“O óleo diesel, por exemplo, incide em todo o processo do alimento. Na produção dos insumos, no plantio, na colheita e na distribuição ao consumidor final. O que o governo está fazendo é um passa-moleque [enganando]”, diz. Del Grande afirma que, em conversa com o setor produtivo, o governo só aceitou deixar de taxar um produto se o setor indicar outro item para ser taxado.
O presidente da Ocesp ressalta que a medida prejudicará principalmente a população mais pobre e o pequeno produtor. “O governo está insensível. Tem dito que está negociando, mas não está fazendo nada, não está mudando o posicionamento”, frisa.
Del Grande lembra que é um péssimo momento para aumentar o ICMS, já que o consumidor é afetado por outros impostos no começo do ano. Além disso, o auxílio emergencial vai chegar ao fim. “Parece que os governantes pensam com o bolso deles. Deveriam pensar principalmente com o bolso da população carente”, diz.
Ele argumenta que taxar o agronegócio é um tiro no pé. “Não pode matar o setor produtivo para resolver um problema de caixa que poderia ser resolvidos com ajustes internos [na máquina pública]”, pontua.
A liderança do agro paulista convida produtores a participarem das manifestações contra o aumento de ICMS, que devem acontecer no próximo dia 7 de janeiro.