O mercado do boi gordo segue parado nesta segunda-feira, dia 11, refletindo o momento típico da semana, quando os frigoríficos organizam suas estratégias para os dias seguintes. O cenário geral ainda é de preços melhores, devido à baixa disponibilidade de boiadas, gerada pelo menor número de animais ofertados no primeiro giro de confinamento.
No entanto, as recentes notícias envolvendo a JBS podem paralisar o movimento de subida nos preços, de acordo com a Scot Consultoria.
“No primeiro momento das delações, meses atrás, houve um descrédito generalizado em relação à saúde financeira da empresa e houve uma migração de oferta de venda para outras empresas. Esse movimento provocou uma queda de preço mais acentuada do que normalmente aconteceria. Desta vez, é um pouco diferente”, diz o presidente da Scot, Alcides Torres.
Ele acrescenta que não há oferta de boiadas, que o mercado está em plena entressafra e há pouco gado de confinamento. “Em função disso, se houver uma debandada dos pecuaristas em relação à comercialização com a empresa, essa movimentação vai aumentar a oferta para os demais frigoríficos. Esse fato pode não derrubar a cotação do boi, mas pode muito bem frear a alta do preço da arroba”, explicou Torres.
Já a Safras & Mercado indica que a tendência de alta nos preços deve continuar, puxada principalmente por fatores de fundamento, ou seja, a baixa disponibilidade de animais.
De acordo com a consultoria, os produtores já estavam procurando vender os animais para outros frigoríficos, Além disso, as reduções de ICMS de gado em pé ajudaram na maior opção de venda do pecuarista, que teve a oportunidade de negociar com outros estados.
“Em geral, as indústrias ainda encontram dificuldades na composição das escalas e há uma tendência mais agressiva na compra de gado, inclusive da JBS, que tem ofertado valores acima da referência para conseguir a matéria prima”, explicou o analista Fernando Iglesias.
Entenda o caso
Neste domingo, dia 10, o empresário Joesley Batista e o executivo da J&F (holding que controla a JBS) Ricardo Saud se entregaram à Polícia Federal (PF), em São Paulo. A prisão temporária foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. O pedido foi feito depois de Janot alegar que os colaboradores teriam omitido informações em seus depoimentos ao Ministério Público.
A defesa do empresário e do executivo contestou, por meio de nota, que eles tenham mentido ou omitido informações no processo que levou ao acordo de delação premiada.
“Em todos os processos de colaboração, os colaboradores entregam os anexos e as provas à Procuradoria [Geral da República] e depois são chamados a depor. Nesse caso, Joesley Batista e Ricardo Saud ainda não foram ouvidos”, diz a nota.