O contrato futuro do boi gordo com vencimento em outubro, negociado na B3, chegou a bater R$ 230 em novembro do ano passado. Nesta quarta-feira, 15, a cotação máxima registrada foi de R$ 220. Tendo em vista os preços recordes de reposição e a oferta restrita, analistas consultados pelo Canal Rural dizem se o preço pode caminhar para um novo recorde.
O diretor-executivo da Agro Agility, Gustavo Figueiredo, vê a arroba do boi gordo muito forte ao longo de 2020. Para o fim de julho, ele projeta preços entre R$ 215 e R$ 225. Os principais motivos apontados são a sazonalidade favorável das exportações no segundo semestre e o fato de que a reposição não deve ter desaceleração tão grande.
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De acordo com o sócio-diretor da Radar Investimentos, Leandro Bovo, a alta dos preços de reposição descolada da arroba do boi gordo tem incomodado o pecuarista. Pois, apesar de alguma alta no ano para o animal terminado, a reposição subiu muito mais. Ele afirma que o ágio entre bezerro e o boi é de 25% na média dos últimos dez anos. No momento, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a diferença está em 40%.
Segundo o analista, a expectativa é de que essa diferença seja reduzida com dois fatores contribuindo de maneira conjunta: o primeiro seria a reposição ficar estável ou cair um pouco e o segundo, a arroba do boi gordo subir.
Exportações recordes favorecem altas
O consultor de agronegócio do Itaú BBA Cesar de Castro Alves analisa que as exportações de carne bovina nunca cresceram em ritmo tão elevado como estamos observando para a China, e que isso pressiona as cotações tanto da arroba do boi gordo quanto da reposição.
Segundo ele, quem depende da reposição e faz recria e engorda, deve ficar atento porque o processo de retenção de matrizes passou a ganhar força este ano. De forma que ao fazer um paralelo com o ciclo passado, há uma possibilidade de a médio prazo, entre 2021 e 2022, a oferta aumentar e os preços ficarem pressionados.
Em relação à margem, Castro Alves avalia que o momento do mercado é extremamente positivo para o recriador, pois ele consegue uma margem de quase 100%. Para quem faz recria e engorda, a situação está ruim: essa margem que chegou a 15% no ano passado caiu para entre 5% e 10% este ano, dependendo da região.
O consultor vê com bastante preocupação as suspensões de frigoríficos habilitados a exportar para a China. Estruturalmente, ele não enxerga motivos para mudanças na demanda chinesa, porém, caso haja uma redução acelerada, a pecuária sentiria bastante.
Em relação à demanda interna, a preocupação é menor, pois Castro Alves considera que o mercado já precificou bem a questão e está mais equilibrado neste sentido.