O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira, dia 7, que foi dado o primeiro passo em direção a uma moeda única no Mercosul. A declaração foi dada à jornalistas durante viagem do presidente à Buenos Aires, na Argentina.
Segundo Bolsonaro, esse é o primeiro passo para um sonho de uma moeda única, como aconteceu com o euro. Questionado sobre a possibilidade de o anúncio do projetor ser uma manobra eleitoral do governo de Mauricio Macri, o presidente mudou de assunto e voltou a falar que ninguém quer a América do Sul flerte com o comunismo.
Macri vai tentar a reeleição em outubro contra a chapa formada por Cristina Kirchner, candidata à vice, e Alberto Fernández. Com a Argentina passando por mais uma crise econômica, a imagem de macri está bastante abalada. O anúncio da moeda comum pode ser
usado para melhorar sua popularidade.
Em nota enviada à imprensa, o Banco Central do Brasil afirmou que não tem projetos ou estudos em andamento para uma união monetária com o país vizinho. A declaração de Bolsonaro causou repercussão na internet, não só entre a população, mas também entre os deputados. Pelo twitter, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, criticou a ideia apresentada pela equipe econômica.
Será? Vai desvalorizar o real? O dólar valendo R$ 6,00? Inflação voltando? Espero que não. https://t.co/hKCwZjg0WG
— Rodrigo Maia (@RodrigoMaia) 7 de junho de 2019
Boa ideia?
O economista da Nova Futura Corretora, Pedro Paulo, afirma que o mercado não levou tão a sério o anúncio feito pelo presidente e que se caso a mudança de moeda aconteça, não vai ser em um curto prazo. “ Por enquanto trata-se uma médica retórica, ou seja, uma sinalização da intenção. É difícil imaginar um país como o Brasil e outro como a Argentina fazerem essa união, já que o país vizinho tem uma tradição de dolarização muito forte, e será difícil eles abandonarem essa tradição de uma hora para a outra e aceitarem uma moeda comum com o Brasil”, diz.
“Ainda que eles tenham uma relação comercial importante, neste momento em que as duas economias passam, vai ser difícil de colocar a proposta em prática. Isso só causaria mais confusão, principalmente pelo momento político da Argentina”, enfatiza o economista.