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Mercado e Cia

Brasil não precisa do etanol dos Estados Unidos, afirma Glauber Silveira

Parlamentares norte-americanos estariam insatisfeitos com a cota de importação e querem maior abertura do mercado brasileiro

Deputados dos Estados Unidos enviaram uma carta ao escritório do representante comercial norte-americano, Robert Lighthizer, pedindo que o governo priorize a redução e a eliminação de barreiras comerciais do Brasil sobre o etanol norte-americano.

No documento, parlamentares chamam a tarifa brasileira — cobrada sobre volumes que excedam a cota de 750 milhões de litros anuais — de “proibitiva e injusta”, e afirma ainda que os Estados Unidos fornecem livre acesso ao etanol do Brasil com isenção de tarifas.

O comentarista do Canal Rural e vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Glauber Silveira, afirma que é irônico os americanos reclamarem de protecionismo, quando a produção de etanol conta com subsídios e incentivos fiscais.

“O americano quer colocar etanol no Brasil, o que prejudica principalmente o Nordeste; quase 70% do etanol usado na região vem dos EUA, dando prejuízos às usinas e tirando empregos”, frisa.

Silveira destaca que em vez de tentar exportar o biocombustível ao Brasil, os norte-americanos poderiam aumentar a porcentagem de mistura à gasolina. Enquanto no Brasil, o índice é de 27%. Nos EUA, é de apenas 15%.

Além disso, segundo o comentarista, o país também não quer abrir seu mercado para o açúcar brasileiro, o que já foi solicitado pelas usinas para compensar a cota de importação do biocombustível.

Uma reunião deve ser realizada na Casa Civil nesta quarta-feira, 26, para tratar do tema. Silveira diz que o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, é favorável a acabar com a cota. Assim, os americanos estariam sujeitos às taxas de 20% aplicadas pelo Mercosul. Porém, de olho nas eleições, o presidente Jair Bolsonaro estaria tentando “agradar” Donald Trump.

Glauber Silveira finaliza sendo taxativo: o Brasil não precisa do etanol dos Estados Unidos, principalmente neste momento de pandemia, que diminuiu bastante o consumo interno. “Temos é que incentivar uma produção maior de etanol brasileiro”, defende.

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