O presidente da República, Jair Bolsonaro, desembarcou em Nova Delhi, na Índia, nesta sexta-feira, 24. O primeiro compromisso oficial é a reunião neste sábado, 25, com o presidente indiano para assinar acordos bilaterais em áreas como segurança cibernética, bioenergia e saúde.
Benedito Rosa, ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, afirma que o movimento de aproximação com o país asiático deveria ter acontecido em governos anteriores. “A Índia terá a maior população mundial no fim desta década e é a economia que mais cresce”, destaca.
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Para o comentarista, há pelo menos quatro pontos que tornam a parceria interessante para o Brasil no longo prazo. Veja:
1. Geopolítica mundial
Benedito Rosa afirma que, após o período de guerras, o comércio mundial se baseou em entidades multilaterais, como a Organização Mundial de Comércio (OMC). “Agora, o que se desenha é um cenário com menor participação de entidades como a OMC e mais ações bilaterais, como os Estados Unidos fazem”, diz.
2. Mais opções de destino
O comentarista afirma que a parceria diminuirá a dependência da China e Estados Unidos. Ele lembra que o drama vivido pelo setor de carne suína que se apoiava na Rússia.
“Mais da metade da produção de açúcar e etanol vem do Brasil e Índia, mas eles estão engatinhando na produção de etanol, com 1,5 bilhão de litros contra 30 bilhões de litros nossos. Então, é bom para evitar nos digladiarmos com um ator tão importante no mundo”, acrescenta.
3. Tecnologia
Rosa destaca que a nova configuração do sistema econômico mundial envolve os atores em situações diferentes de séculos atrás. “Podemos tirar proveito do avanço nas áreas química, cibernética etc deles, como as novas moléculas que podem dar competitividade à agricultura brasileira”, diz.
4. Investimentos
De acordo com o comentarista, há grandes empresas, conglomerados da Índia, com interesses mútuos no potencial do Brasil. “A ministra Tereza Cristina também reforçou a importância do Brasil para a Índia para ajudar em termos de segurança alimentar. Podemos aproveitar como exportadores de carne de frango e os indianos também são grandes consumidores de legumes e hortaliças e não tem de quem comprar”, pontua.