O Brasil vai passar por um momento de falta de soja a partir do segundo semestre, de acordo com o analista de mercado Carlos Cogo. Ele sustenta que, no mínimo, haverá escassez do grão no período, cujo pico deverá acontecer no fim do ano. Entre os principais motivos da falta de soja no mercado interno, estariam os altos índices de exportação do grão.
Segundo Cogo, o Brasil vai fechar os seis primeiros meses do ano com exportação de 40 milhões de toneladas de soja. No fim de junho, o país terá disponível apenas 34 milhões de toneladas da leguminosa. Desse total, 20 milhões de toneladas serão esmagadas para atender à demanda interna, sobrando 14 milhões de toneladas destinadas ao mercado externo. “Se exportarmos qualquer milhão de toneladas de soja acima, a soja brasileira acaba”, diz o analista.
O cenário de escassez se agravaria ainda mais com a quebra de safra da Argentina. O país vizinho, que é o maior exportador de farelo e óleo do mundo, teve parte de suas lavouras afetadas pelo clima, e novamente o Brasil aparece como um substituto.
“Exportamos 21% de soja a mais entre janeiro e junho, e essa oferta que os argentinos não atenderam vai ser transferida para nós, ou seja, o mundo vai demandar mais soja esmagada”, avalia Cogo.
A tendência é que os preços se mantenham firmes. A soja a US$ 11,50 por bushel e um prêmio de 150 centavos de dólar para julho mantêm esse cenário bastante viável. “Na verdade, o produtor que vende soja no porto está recebendo o equivalente a US$ 13/bushel e a expectativa é que os preços vão continuar sendo puxados para cima”, afirma.