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Mercado e Cia

Café: estudo revela oportunidades para o Brasil aumentar exportação para China

É o que indica um estudo da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) em Xangai, em parceria com a InvestSP

O consumidor chinês de café é mais jovem, vive principalmente nas regiões costeiras, compra mais o produto solúvel e com leite. Para o exportador brasileiro que deseja ampliar seus embarques ao país asiático, o ideal é focar nesse tipo de produto e nesse consumidor, e também fazer um acordo para que o grão seja torrado por um parceiro local.

É o que indica um estudo da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) em Xangai, em parceria com a InvestSP.

“Nós falamos com um parceiro que disse que a China é melhor do que a Coreia do Sul em degustação de café e está ficando melhor na torra que o Japão”, afirmou o analista de inteligência de mercado da InvestSP na China, Fernando Velloso, em transmissão virtual organizada pela CNA. “Um parceiro local também pode ajudar na distribuição, porque distribuir café na China sozinho é mais caro”, acrescentou.

A China é vista como um mercado promissor, já que o consumo vem crescendo na casa dos 10% ao ano, bem maior do que a média mundial de 2%. No entanto, o consumo per capita no país ainda é baixo, de 5 xícaras/ano – no Japão, por exemplo, está em 360 xícaras/ano. Velloso disse que é possível tentar mudar a imagem do café naquele país. “Quem consome mais café na China é o jovem, e ele vê como produto de luxo. Podemos explorar os jovens e mudar a percepção do café para hábito diário, como no Brasil”, afirmou.

O estudo de campo analisou cerca de 250 rótulos de café adquiridos em lojas físicas de Xangai e por e-commerce. “Quase metade era solúvel, em pó e instantâneo. E a grande maioria desses cafés era café com leite ou com leite e açúcar”, diz Velloso. “Para explicar um pouco esse resultado, vale dizer que todos os lugares na China têm torneiras para reposição de água quente, muito por causa da cultura do chá.” O estudo também apurou a origem do grão e da torra, e a Malásia foi líder em ambos os quesitos. Em origem do grão, o Brasil ficou em segundo lugar, mas houve poucos produtos torrados no país.

A assessora Técnica da CNA para café, Raquel Miranda, que também participou da live, destacou que o produto brasileiro provavelmente está mais presente do que os rótulos dizem, já que o País é o maior produtor e maior exportador de café. Porém, o grão brasileiro está, principalmente, em blends – misturas – e não aparece nos rótulos. “Nesses blends, é comum o café brasileiro, porque produzimos quase 40% do que o mundo consome”, afirmou.

De acordo com Velloso, o consumidor chinês prefere um café menos ácido e com menos corpo, na casa dos 80 pontos. “É mais o paladar do chinês. Dizem que os chineses têm paladar aguçado muito por causa da cultura do chá”, afirmou. É um gosto diferente do brasileiro, que costuma buscar uma pontuação maior e um produto com mais acidez.

Foi recomendado que o produtor brasileiro concentre atenção na pontuação que se encaixax melhor nos gostos dos chineses e que também dê atenção ao padrão. Raquel Miranda deu a seguinte sugestão aos exportadores brasileiros: “Após conquistar o primeiro cliente, trabalhe para manter o padrão de qualidade do produto de uma safra para a outra, porque o comprador, além de qualidade, quer padrão”. Ela também indicou parcerias com outros produtores e com associações ou cooperativas para que haja volume suficiente.

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