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Mercado e Cia

Carnes: governador de Goiás não acredita em colapso como nos EUA

Ronaldo Caiado fala sobre as medidas de segurança que estão sendo tomadas nos frigoríficos e conta quais setores requerem mais atenção em meio à pandemia

A possibilidade de um colapso da indústria de carnes por conta da pandemia do novo coronavírus é a grande preocupação do governador de Goiás, Ronaldo Caiado. Em entrevista exclusiva ao Mercado & Companhia, ele destacou que as unidades de abate estão seguindo regras extremamente rígidas há dois meses para evitar surtos.

Entre as ações diárias estão o distanciamento de funcionários nos postos de trabalho e locais de alimentação; o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs); a medição da temperatura de todos os funcionários antes da entrada no frigorífico, já que febre é um dos primeiros sinais da covid-19; afastamento de funcionários com 60 anos ou mais ou que tenham comorbidades.

Caiado comparou as ações às tomadas na indústria americana de carnes. Segundo ele, os Estados Unidos achavam que a pandemia era “bobagem” e não tiveram nenhum critério ou regra sanitária extra diante disso. “Nós, com essas medidas, esperamos que tendo alguns casos, eles não venham a provocar um colapso na indústria”, diz.

O governador destaca que o registro de um caso entre funcionários de uma unidade de abate não levará ao fechamento do local. Ele afirma que pessoas que tiveram contato com o infectado serão examinados para saber se houve transmissão no local. “O que vimos nos EUA [fechamento de frigoríficos foi que a extensão do número de casos levou a indústria a ter que fechar”.

Setores em estado de atenção

O setor leiteiro é um dos que mais sentiu a crise, segundo Caiado. “A pecuária de leite é sempre muito sensível a situações como essa. Ela precisa que tenhamos um olhar diferente, para que não deixemos ter perda significativa de renda para os produtores”, ressalta.

Segundo o governador, dois pilares que já existiam antes da pandemia estão amenizando o impacto. “Temos uma câmara constituída, com preço pré-fixado com antecedência. Não é como antigamente, quando o produtor ficava sabendo o preço 45 dias após a primeira entrega”, diz. “Em segundo lugar, a perda de renda faz com que o produtor tenha ter que maior rapidez na obtenção de empréstimo. Temos o fundo de aval do Sebrae que está facilitando o acesso ao FCO [Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste], que atende principalmente municípios mais carentes e aqueles que são dependentes totalmente da atividade rural”, complementa.

Outro setor que também vive um momento bastante complicado é o sucroalcooleiro, e não só por conta da pandemia. “A baixa do preço do petróleo, chegando a patamares preocupantes, tira competitividade do etanol. Estamos buscando junto ao governo federal uma alternativa, principalmente para o etanol, porque o açúcar ainda tem o mercado internacional”, afirma.

Caiado afirma que o biocombustível precisa de ações do governo federal. “O que podemos fazer é dar exemplo, mostrar que já demos incentivo. Hoje, isentamos grande parte do ICMS dessas estruturas [usinas] A parte do estado nós já fizemos com a renúncia fiscal”, diz.

O governador conta que as medidas de apoio à produção de etanol só devem voltar à pauta do governo na próxima semana. Por enquanto, o assunto debatido em Brasília com os governadores são as formas de equilibrar a perda de arrecadação dos estados. “A matéria [do etanol] não evoluiu a ponto de ter uma decisão”, afirma.

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